Um dia após superar a marca de 250 mil mortes por Covid-19, nesta quinta (25), o Brasil teve o dia mais letal desde o começo da pandemia, com 1.582 óbitos em 24h. O índice de isolamento social, medido pela startup In Loco, é o mais baixo desde a segunda semana de março de 2020, antes de os estados publicarem decretos de restrição de circulação.
Até o dia de ontem, a data com mais mortes por Covid-19 havia sido 29 de julho de 2020, quando foram contabilizados 1.554 óbitos. Os números indicam o dia de registro das mortes e não quando ocorreram de fato. No total, 251.661 vidas foram perdidas para a Covid-19 no Brasil.
Pelo segundo dia seguido, o Brasil registrou a maior média móvel de mortes por Covid-19 em toda pandemia: 1.150 óbitos diários nos últimos sete dias. O número supera aquele contabilizado na quarta-feira (24), quando a média foi de 1.129 óbitos e era a mais alta até então.
Como mostram os números, o Brasil vive atualmente os piores dias desde o começo da pandemia de Covid-19. Já são 36 dias seguidos com mais de mil mortes causadas pelo novo coronavírus. Das cinco maiores médias de óbitos desde março de 2020, quatro ocorreram nas últimas duas semanas.
Se marca de 200 mil mortes foi atingida após 11 meses de pandemia, em 07 de janeiro de 2021, em apenas 45 dias as 250 mil mortes foram superadas em 24 de fevereiro de 2021. Entre as regiões do país, apenas o Norte observa queda (-25%) no número de mortes por Covid-19. Nordeste (+36%) e Sul (+47%) tiveram aceleração, enquanto Centro-Oeste (-3%) e Sudeste (+3%) se mantiveram estáveis.
De acordo com dados da In Loco, que monitora a localização por GPS de 60 milhões de telefones celulares, na terça e quarta desta semana a média de isolamento social ficou em 32%.
Na sexta passada o índice marcou 31,8%, o mais baixo desde 13 de março de 2020, quando o percentual foi de 30,1%. Em tal data, o Brasil ainda não tinha registrado nenhuma morte por Covid-19 e nenhum estado havia decretado restrições de circulação.
“É baixíssimo esse índice. Mostra que 70% das pessoas estão se locomovendo de alguma forma —o que amplia a quantidade do que chamamos de população exposta. Esse isolamento, para ter algum efeito, teria de ser de 60% no mínimo”, explica ao portal UOL José Dias do Nascimento Júnior, professor do Departamento de Física da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) e que trabalha com projeções e análise de dados da covid-19.
Enquanto a vacinação não atinge índices suficientes para gerar a chamada ‘imunidade de rebanho’, segundo o professor, é urgente aumentar o índice de isolamento social.
“Na nossa situação atual era para termos um isolamento de pelo menos 70%. Claro, são números difíceis de alcançar, mas é urgente para estancar esse crescimento. Infelizmente esse padrão de comportamento só conseguimos no início da pandemia, e nunca mais.”, disse José Dias.