No próximo dia 29 de junho, a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados promoverá uma audiência pública para discutir o Projeto de Lei 5384/20, que busca tornar permanente a política de reserva de vagas nas universidades federais para pretos, pardos, indígenas, pessoas com deficiência e alunos de escolas públicas. A Lei de Cotas nas Universidades foi criada em 2012 e previa uma revisão em 2022, porém, não ocorreu.
A deputada Dandara (PT-MG) é a responsável pela iniciativa do debate e convidou diversas autoridades para participar da discussão, como Márcia Lima, secretária de Políticas de Ações Afirmativas e Combate e Superação do Racismo do Ministério da Igualdade Racial, Eliel Benites, diretor de Departamento de Línguas e Memórias Indígenas do Ministério dos Povos Indígenas, Carlos Abicalil, mestre em Gestão de Políticas Públicas de Educação, Bruna Brelaz, presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), e Delton Aparecido Felipe, representante da Associação Brasileira dos Pesquisadores Negros (ABPN).
Segundo a atual legislação, todas as instituições federais de ensino – universidades federais e instituições federais de ensino técnico de nível médio – devem reservar, no mínimo, 50% das vagas de cada curso para estudantes oriundos de escolas públicas. Dentro das vagas reservadas, metade deve ser destinada a estudantes de famílias com renda mensal igual ou menor que 1,5 salário mínimo per capita. Além disso, em cada faixa de renda dos cotistas (acima ou abaixo de 1,5 salário mínimo per capita), as vagas devem ser separadas para autodeclarados pretos, pardos e indígenas, pessoas com deficiência, em proporção estabelecida de acordo com o censo do IBGE.
O PL 5384/20, de autoria da deputada Maria do Rosário (PT-RS) e outros sete deputados, busca tornar permanente a política de cotas nas universidades federais. Os autores afirmam que o objetivo é evitar possíveis retrocessos em uma futura revisão da lei, garantindo a continuidade dessas políticas de inclusão e igualdade de acesso ao ensino superior.
A discussão sobre a permanência da Lei de Cotas nas universidades federais continuará na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, por meio de reuniões e audiências públicas para debater os aspectos do PL 5384/20. Esses debates são fundamentais para avaliar o impacto dessa política na sociedade e garantir a igualdade de acesso à educação de qualidade para todos os cidadãos brasileiros.
Conforme citado anteriormente, em 2022 a Lei de Cotas (Lei nº 12.711/2012) completou 10 anos. Através dela, metade das vagas nas universidades e institutos federais passou a ser destinada aos estudantes oriundos da rede pública de ensino. Além disso, a Lei de Cotas estabelece um recorte para candidatos autodeclarados Pretos, Pardos e Indígenas (PPI) e pessoas com deficiência (PcD), garantindo maior inclusão e diversidade nas instituições públicas de ensino superior.
O sistema de cotas tem gerado um aumento expressivo no número de estudantes PPI e PcD nas universidades, proporcionando maior equidade educacional e promovendo a inclusão social. No entanto, também é alvo de debates e críticas, com questionamentos sobre a efetividade das comissões de heteroidentificação e a busca por melhorias no sistema.
Desde a implementação da Lei de Cotas, os estudantes oriundos das cotas têm mostrado que são capazes de enfrentar os desafios acadêmicos e obter sucesso em suas carreiras. Dados mostram um aumento significativo de PPI e PcD nas universidades, evidenciando a importância das políticas afirmativas para garantir maior inclusão e diversidade nas instituições de ensino superior.
Entre os pontos positivos da Lei de Cotas, destaca-se a diminuição da desigualdade social, a ampliação da diversidade e da inclusão social nas universidades, e a reparação histórica a grupos excluídos anteriormente, como negros e índios. Por outro lado, críticas apontam para questões como fraudes no ingresso de alguns estudantes, falhas nas comissões de heteroidentificação e tratamento diferenciado a alguns candidatos.
Em suma, a Lei de Cotas representa um importante marco na busca pela equidade educacional e inclusão social no Brasil. A política tem possibilitado a entrada de um maior número de estudantes PPI e PcD nas universidades públicas, garantindo maior representatividade desses grupos e contribuindo para a construção de um futuro mais próspero para pessoas menos beneficiadas social e economicamente.