O dólar caiu pela segunda vez consecutiva, mas os recuos foram tão leves que ficaram próximos da estabilidade. Nesta quinta-feira (17), o mercado repercutiu a divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos. Já no âmbito doméstico, o dia foi mais calmo, sem fatos muito relevantes.
Na sessão de hoje, o dólar recuou 0,10% e fechou o dia cotado a R$ 4,9813. Na véspera, a moeda norte-americana havia andado de lado, recuando 0,01%. Estas quedas não afetaram o saldo da divisa em agosto, que acumula alta de 5,34%.
No entanto, em 2023, o dólar ainda registra um forte recuo de 5,62%. Esse dado mostra que a moeda recuperou praticamente metade das perdas registradas nos meses anteriores, mas a queda havia sido tão significativa que o saldo anual continua bastante negativo.
O Federal Reserve (Fed) divulgou a ata da última reunião na véspera (16), após o fechamento da sessão. Por isso que as repercussões ao documento só foram observadas nesta quinta-feira (17).
Em resumo, o banco central dos EUA afirmou que poderá elevar novamente os juros na próxima reunião. Antes da divulgação da ata, os analistas acreditavam que o Fed não elevaria mais os juros, pois a inflação ao consumidor veio mais fraca que o esperado.
Contudo, o documento mostrou que isso poderá acontecer. Segundo a ata, “a maioria dos participantes continuou a ver riscos significativos de alta para a inflação, o que pode exigir mais aperto da política monetária“. Em outras palavras, o Fed ainda precisa ver mais dados positivos, que sinalizem a desaceleração dos preços no país, para cessar a alta dos juros.
Cabe salientar que, quanto mais altos estiverem os juros, mais fraca tende a ficar a atividade econômica do país. Isso acontece porque os juros elevados reduzem o poder de compra do consumidor, limitando a economia.
Como os juros estão muito elevados nos EUA, no maior patamar em duas décadas, o mercado virou suas atenções para a China. Em suma, os analistas acreditavam que a segunda maior economia do planeta poderia suprir a desaceleração econômica dos Estados Unidos.
Entretanto, o país asiático vem apresentando dados econômicos mais fracos que o esperado. Isso está preocupando o mercado, que teme uma recessão econômica global, liderado pelas duas maiores economias do mundo.
Aliás, o dólar caiu nas duas últimas sessões como forma de acomodação. Como a moeda está acumulando forte alta em agosto, muitos investidores venderam seus ativos, que estão valendo bem mais do que em julho. Isso beneficiou o real, que venceu o confronto com a moeda norte-americana, mesmo que por pouco.
Nesta quinta-feira (17), não houve fatos muito relevantes no Brasil que impactaram a cotação do dólar. Os analistas continuam atentos ao Banco Central (BC), que cortou os juros em 0,50 ponto percentual (p.p.) no início deste mês e já informou que as próximas reuniões deverão ter reduções semelhantes.
A queda dos juros beneficia o mercado de câmbio e o acionário, mas as preocupações externas não estão permitindo que as ações da Bolsa de Valores Brasileira cresçam. Da mesma forma, o dólar segue em alta em agosto, impulsionado pelo temor global de uma recessão econômica.
Há quem diga que o Ibovespa não vai subir em agosto, e essas pessoas estão corretas, ao menos até agora. O mês de agosto de 2023 já está marcado na história da Bolsa de Valores Brasileira, contemplando a maior sequência negativa da história do Ibovespa.
Na sessão de hoje, o indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na B3, a Bolsa Brasileira, caiu pela 13ª vez consecutiva. O recorde anterior foi registrado há quase 40 anos, em fevereiro de 1984, quando o Ibovespa caiu durante 11 pregões seguidos.
Na sessão de hoje, o indicador caiu 0,53%, a 114.982 pontos. No mês de agosto, o Ibovespa registra uma perda de 5,71% no mês, variação considerada pequena para tantos recuos assim. Aliás, no acumulado de 2023, o Ibovespa ainda conserva ganho de 4,78%, número que estava em 11% no final de julho.
No pregão de hoje, 58 das 85 ações listadas no Ibovespa caíram, evidenciando a disseminação das quedas na sessão. A queda do indicador só não foi mais forte graças às ações da Vale, que respondem por mais de 12% da carteira teórica e subiram 1,41% na sessão.