Após iniciar o mês de outubro em alta, o dólar comercial caiu levemente nesta quarta-feira (4). Ao final da sessão a moeda norte-americana estava cotada a R$ 5,1524, o que não representa nem mesmo um centavo em relação à véspera, quando encerrou o pregão cotada a R$ 5,1530.
Isso mostra que a redução observada hoje ficou bem próxima da estabilidade. Aliás, o dólar continua acumulando alta em outubro, de 2,50%. O resultado sucede os avanços registrados em agosto (4,68%) e setembro (1,55%) e preocupam o mercado, já que o dólar não está demonstrando fraqueza.
Nas últimas semanas, a divisa americana ganhou força devido aos temores de uma recessão econômica global. No olho do furacão estão os Estados Unidos, que é a maior economia do planeta. O país enfrenta dificuldades que preocupam os investidores, e isso acaba fortalecendo o dólar.
Embora venha avançado nos últimos meses, a moeda americana continua em campo negativo no acumulado de 2023. A saber, o dólar tem uma queda de 2,38% no ano, resultado positivo para o real.
No entanto, vale destacar que a queda acumulada em 2023 chegou a atingir 11% em julho, mas as recentes preocupações fizeram os investidores buscarem ativos mais seguros, fortalecendo o dólar ante o real.
Embora o dólar não tenha avançado na sessão de hoje (4), a queda foi tão leve, que não afetou de maneira significativa a cotação da moeda americana. Nos últimos dias, a divisa vem ganhando força porque o pessimismo entre os investidores com a economia global os faz fugir de ativos de risco.
Em síntese, os temores em torno de uma recessão econômica global pairaram mais uma vez sobre o mercado, provocando uma fuga para ativos mais seguros, como as treasuries, que são os títulos do Tesouro norte-americanos.
Estes papeis atingiram na véspera (3) o maior nível desde outubro de 2007, ou seja, em 16 anos. Isso atrai capital para os Estados Unidos, uma vez que a rentabilidade dos papeis crescem, superando a renda variável. Dessa forma, o dólar se beneficia, pois há mais capital em circulação no país.
Como as expectativas em relação ao futuro não são muito otimistas, os investidores tendem a buscar ativos mais seguros, com medo de calote dos governos. Assim, retiram capital de países menos seguros, como o Brasil, e o alocam em grandes nações, como os EUA. Ainda mais quando estes papeis rendem mais que os demais.
Nesta semana, o Departamento do Trabalho dos EUA deverá divulgar os dados mais recentes sobre geração de postos de empregos. A expectativa é que os números venham fortes, e isso até pode parecer algo positivo, mas os investidores estão temendo que isso se confirme.
Na verdade, caso haja essa confirmação de fortalecimento do trabalho no país, o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, ficará mais pressionado a manter os juros elevados nos EUA. Isso deverá acontecer porque, havendo mais pessoas trabalhando, a tendência é que haja mais dinheiro na mão da população.
Assim, a inflação fica fortalecida no país. Aliás, os bancos centrais elevam os juros justamente para segurar a taxa inflacionária nos países. Caso o Fed vislumbre mais dificuldades para manter a inflação controlada, deverá manter os juros no mesmo patamar, caso não promova uma nova elevação na taxa.
Por falar nisso, o Fed manteve estável a taxa de juros no país no último dia 20 de setembro. No entanto, a decisão não foi unânime, pois alguns diretores do Comitê de Política Monetária do Fed votaram a favor de uma elevação de 0,25 ponto percentual dos juros.
Apesar de o Fed não ter elevado os juros no país, a taxa está no maior patamar em mais de 20 anos nos EUA. Portanto, os consumidores estão com o poder de compra em um nível muito baixo, visto que os juros altos elevam o custo de vida no país.
Em suma, a entidade decidiu aguardar mais um pouco para analisar os próximos dados relacionados à atividade econômica dos EUA, bem como o desempenho de outros indicadores, como taxa de desemprego e inflação. Aliás, o banco não descartou a possibilidade de aumentar os juros ainda em 2023.
Caso isso ocorra, a decisão deverá afeta diretamente a cotação do dólar, pois, quanto mais altos os juros estiverem, maior o rendimento dos títulos norte-americanos. Inclusive, apenas as projeções de fortalecimento do mercado de trabalho já fez investidores buscarem ainda mais títulos americanos, fortalecendo o dólar.