O consumo nos lares brasileiros cresceu 2,62% nos nove primeiros meses de 2023, em comparação ao mesmo período do ano passado. Isso quer dizer que as famílias do país aumentaram o volume de compras em supermercados entre janeiro e setembro, conseguindo superar as dificuldades enfrentadas no Brasil, como inflação e juros elevados.
Ao considerar apenas setembro, mês dos dados mais recentes do levantamento, o consumo cresceu 0,80% em relação a agosto. Já na comparação com setembro de 2022, o consumo das famílias do país teve um crescimento levemente maior, de 1,10%.
A saber, os dados fazem parte do Índice Nacional de Consumo dos Lares Brasileiros da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), divulgado nesta sexta-feira (27). Em síntese, o levantamento da Abras contempla os seguintes formatos de loja:
Cabe salientar que os indicadores da Abras descontam a inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Aliás, o IPCA é a inflação oficial do Brasil.
Em setembro deste ano, o IPCA subiu 0,26%, após alta de 0,23% no mês anterior. Esse resultado mostra que os consumidores do país tiveram que pagar um pouco mais caro em setembro, uma vez que o termo inflação se refere ao aumento dos preços de produtos e serviços.
Contudo, vale ressaltar que não houve uma aceleração significativa da inflação no país. Na verdade, a taxa inflacionária seguiu com pouca força, assim como vem acontecendo nos últimos meses, para alívio dos consumidores.
Segundo o IBGE, o que mais impulsionou a inflação em setembro foi o grupo de transportes, cujos preços subiram 1,40%, impactando o IPCA em 0,29 ponto percentual (p.p.). O item gasolina registrou alta de 2,80% no mês, influenciando a inflação em 0,14 p.p.
“A gasolina é o subitem que possui maior peso no IPCA. Com essa alta, acaba contribuindo de maneira importante para o resultado do mês de setembro“, explicou o gerente do IPCA/INPC, André Almeida.
No geral, o preço dos combustíveis subiu 2,70%, impulsionado pela gasolina, mas também pelo óleo diesel (10,11%) e pelo gás veicular (0,66%). Já o etanol ficou 0,62% mais barato em setembro.
Vale destacar que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação, variou 0,21% em outubro, após alta de 0,35% em setembro. Caso o IPCA, que divulga a variação consolidada da inflação, siga essa trajetória, os preços dos produtos deverão desacelerar neste mês.
Em setembro, o pagamento do Bolsa Família ajudou a elevar o consumo nos supermercados do país. Em resumo, o benefício turbinado em 2023 tem funcionado como um dos principais fatores para o aumento da renda de milhões de famílias, que se veem possibilitadas de elevarem o consumo de produtos e serviços.
O governo Lula iniciou em março deste ano o pagamento adicional de R$ 150 para cada criança com até seis anos de idade, fato que contribuiu com o aumento do consumo no país nos últimos meses. Além disso, passou a pagar outro benefício de R$ 50 para crianças e jovens com idade entre sete e 18 anos incompletos e para gestantes.
“O consumo se mantém firme e tende a seguir neste ritmo até o final do ano, uma vez que passamos a compará-lo com uma base forte de crescimento. Há de se recordar que foram injetados cerca de R$ 41,2 bilhões na economia com a PEC dos Benefícios no ano anterior, que impulsionou o consumo no segundo semestre“, afirmou o vice-presidente da ABRAS, Marcio Milan.
“Neste ano, os recursos escalonados e mais previsíveis movimentam a economia e sustentam o consumo no domicílio, assim como as quedas consecutivas nos preços dos alimentos“, acrescentou.
De acordo com a Abras, alguns fatores impulsionaram o consumo das famílias em setembro. Confira abaixo quais foram os principais recursos injetados na economia pelo governo federal:
Por fim, no final de agosto, o governo federal repassou cerca de R$ 7,3 bilhões a estados e municípios para pagamento retroativo e parcelas até dezembro do Piso Nacional da Enfermagem. Tudo isso também aumentou a renda das famílias, impulsionando o consumo nos supermercados.