A presidente da Caixa Econômica Federal, Rita Serrado, usou as suas redes sociais nesta semana para confirmar que o consignado do antigo Auxílio Brasil está sendo investigado por órgãos de controle do Governo Federal. Serrano disse que o banco está empenhado em contribuir com as investigações que estão sendo realizadas.
“Ao assumir a presidência, deparei-me com os desafios decorrentes das iniciativas adotadas pela gestão anterior, especialmente os programas Consignado do Auxílio Emergencial e de Microfinanças, implementados durante o governo Bolsonaro”, afirmou a presidente do banco, que foi indicada pelo atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Desde o meu tempo como conselheira de administração, manifestei preocupação em relação a essas medidas, e as questionei por considerá-las contestáveis, implementadas às vésperas das eleições de 2022 e com um apelo excessivo ao endividamento da população vulnerável”, completou Serrano
O consignado do programa Auxílio Brasil foi liberado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em outubro do ano passado, isto é, justamente no período das eleições presidenciais. Há uma suspeita por parte dos órgãos de controle de que medida pode ter tido um caráter eleitoral.
Porém, mais do que isto, a investigação vai levar em conta um possível impacto nas contas públicas. Estar circulando desde segunda-feira (29) que a Caixa pode ter sofrido um calote bilionário com as decisões do ex-presidente.
“A falta de cumprimento do planejamento orçamentário do banco, devido a ações casuísticas, aliada à instabilidade na gestão causada pelas denúncias de assédio contra o principal dirigente da instituição, resultou em consequências para a manutenção das linhas de crédito da Caixa, as quais sofreram oscilações no segundo semestre de 2022”, afirmou.
O calote pode ter sido dado justamente por causa da liberação de mais de R$ 7 bilhões em empréstimos para o consignado do Auxílio Brasil. Além disso, a Caixa também confirmou que mais de R$ 1 bilhão foi liberado para o crédito Sim Digital.
Membros do governo anterior são unânimes em afirmar que as liberações destes empréstimos não tiveram nenhuma relação com as eleições presidenciais.
Contudo, os dados oficiais mostram que a liberação do consignado para usuários foi quase que interrompida pela Caixa logo depois do resultado das eleições.
Como dito, o consignado para usuários do Bolsa Família passou a ser liberado logo depois do primeiro turno das eleições presidenciais. De acordo com o governo anterior, a ideia era oferecer uma nova possibilidade de empréstimo para as pessoas que faziam parte do programa social.
Quem solicitava o dinheiro, recebia o saldo e logo depois passava a ter que pagar a dívida na forma de descontos mensais nas parcelas do benefício. Desta forma, estes cidadãos ganhavam menos dos que os R$ 600 estabelecido por mês.
Parte das pessoas que solicitaram o consignado e que receberam o dinheiro tiveram as suas contas suspensas no Bolsa Família meses depois. Estes cidadãos precisam pagar o saldo não mais através de abatimentos no benefício, mas com o dinheiro do próprio bolso.
Este era o grande temor de boa parte dos analistas políticos, e até mesmo de bancos. Desde o início do projeto, instituições como Bradesco, Itaú, Santander e Banco do Brasil, optaram por não oferecer o crédito e afirmaram que o consignado para um público em situação de vulnerabilidade social poderia ser perigoso para quem solicitava o dinheiro.
Desde o início do ano, a Caixa decidiu suspender as operações com o consignado. Contudo, as pessoas que já firmaram o contrato do empréstimo ainda precisarão pagar o que foi solicitado. O banco afirma que não há previsão de perdão das dívidas para estes usuários.