O verso é composto por uma oração em uma composição poética. É o elemento que define a poesia, em oposição à prosa. O grupo de vários versos com sentido completo é denominado de estrofe.
Os versos podem dar ritmo, melodia e métrica a uma poesia podendo ser classificados de acordo com o número de sílabas métricas ou sílabas poéticas.
Veja o exemplo de versos no poema “Vou-me embora pra Pasárgada”, do escritor Manuel Bandeira:
“Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei”
A frase “Vou-me embora pra Pasárgada” é um verso, assim como “Lá tenho a mulher que eu quero” é outro verso. Essa estrofe apresenta um conjunto de quatro versos.
De acordo com a separação de suas sílabas poéticas, os versos podem ser classificados em:
Exemplo de um verso dissílabo do poema “A valsa” do escritor Casimiro de Abreu:
Quem dera
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!…
— Não negues,
Não mintas…
Eu vi!…
Veja agora a contagem das sílabas poéticas desse poema:
Quem/ de/
As/ do/
De a/mo/
Que/ lou/
Sen/ti!/
Quem/ de/
Que/ sin/
— Não/ ne/
Não/ min/
Eu/ vi!/…
Os versos livres também recebe o nome de versos irregulares. Esse tipo de verso não tem uma métrica pré-estabelecida, ou seja, não há normas. As poesias que contêm versos livres não deixam de apresentar a principal característica poética: a musicalidade.
Importante aspecto da literatura moderna e contemporânea, os escritores dos versos livres tiveram como objetivo inovar no conteúdo, rompendo os padrões clássicos de metrificação.
Veja um exemplo de versos livres no poema “Um boi vê os homens” de Carlos Drummond de Andrade:
Tão delicados (mais que um arbusto) e correm
e correm de um para outro lado, sempre esquecidos
de alguma coisa. Certamente, falta-lhes
não sei que atributo essencial, posto se apresentem nobres
e graves, por vezes. Ah, espantosamente graves,
até sinistros. Coitados, dir-se-ia não escutam
nem o canto do ar nem os segredos do feno,
como também parecem não enxergar o que é visível
e comum a cada um de nós, no espaço. E ficam tristes
e no rasto da tristeza chegam à crueldade.
Toda a expressão deles mora nos olhos — e perde-se
a um simples baixar de cílios, a uma sombra.
Nada nos pelos, nos extremos de inconcebível fragilidade,
e como neles há pouca montanha,
e que secura e que reentrâncias e que
impossibilidade de se organizarem em formas calmas,
permanentes e necessárias. Têm, talvez,
certa graça melancólica (um minuto) e com isto se fazem
perdoar a agitação incômoda e o translúcido
vazio interior que os torna tão pobres e carecidos
de emitir sons absurdos e agônicos: desejo, amor, ciúme
(que sabemos nós?), sons que se despedaçam e tombam no campo
como pedras aflitas e queimam a erva e a água,
e difícil, depois disto, é ruminarmos nossa verdade.
Os versos brancos são aqueles que apresentam métricas, mas não utilizam rima. Esse tipo de verso é utilizado na poesia romântica, moderna e contemporânea.
Veja um exemplo de verso branco, na primeira estrofe do poema “Versos Brancos” do escritor Guilherme de Almeida:
“Uma fina saudade vai varando
a quietude cansada do meu tédio.
Mas, saudade do quê? de quem?…
Os dias
são bolas de cristal, azuis, polidas,
lisas, sem uma aresta traiçoeira…”
É definida como estrofe cada uma das seções que formam um poema, ou seja, cada grupo de versos que podem conter rimas ou não. Dependendo do número de versos as estrofes podem ser classificadas em:
Veja um exemplo de uma estrofe quadra do poema “Poeminho do Contra”, do escritor Mario Quintana:
Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão…
Eu passarinho!
Veja um exemplo de uma estrofe sextilha do poema “O Navio Negreiro”, do escritor Manuel Castro Alves:
Era um sonho dantesco… o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros… estalar de açoite…
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar…
Na poesia a metrificação é usada para medir os versos. A metrificação é realizada através da escansão, que é a contagem dos sons e versos decorrentes da mudança de ritmo ou tonicidade das palavras.
Para medir um verso é necessário ficar atento as seguintes características:
Veja abaixo a metrificação do poema à tempestade de Gonçalves Dias:
Nos/ úl/ti/mos/ ci/mos/ dos/ mon/tes/ er/gui/
Já/ sil/va/, já/ ru/ge/ do/ ven/to o/ pe/gão/;
Es/tor/cem/-se os/ le/ques/ dos/ ver/des/ pal/ma/,
Vol/tei/am/, re/bra/mam/, dou/de/jam/ nos/ a/,
A/té/ que/ las/ca/dos/ ba/quei/am/ no/ chão/.
Re/me/xe/-se a /co/pa/ dos/ tron/cos/ al/ti/,
Trans/tor/na/-se/, tol/da/, ba/quei/a/ tam/bém/;
E o/ ven/to/, que as/ ro/chas/ a/ba/la/ no/ ce/
Os/ tron/cos/ en/la/ça/ nas/ a/sas/ de/ fe/rro,
E a/ti/ra-os/ rai/vo/so/ dos/ mon/tes/ a/lém/.