Os consumidores brasileiros estão cada vez mais confiantes com a economia do país. De acordo com o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) subiu 2,0 pontos. Esse foi o quarto avanço consecutivo do indicador.
Com isso, o ICC chegou a 96,8 pontos, maior patamar desde fevereiro de 2014 (97 pontos), ou seja, em nove anos e meio. Diversos fatores vêm impulsionando o otimismo dos brasileiros nos últimos meses, como a desaceleração da inflação e a redução dos juros.
Embora o nível tenha alcançado esse nível após mais de nove anos, a confiança do consumidor continua abaixo de 100 pontos, que reflete neutralidade. A saber, níveis inferiores a 100 pontos indicam pessimismo dos consumidores, enquanto valores superiores a essa marca representam otimismo.
“Após acumular quatro meses de resultados positivos, a confiança do consumidor atinge o maior nível desde 2014, período imediatamente anterior ao início da recessão econômica daquele ano“, disse Anna Carolina Gouveia, economista do FGV IBRE.
Em agosto, o avanço do ICC foi impulsionado pela percepção sobre a situação atual do país, enquanto as perspectivas em relação ao futuro se mantiveram relativamente estáveis. Em suma, o ICC possui dois componentes, o Índice de Situação Atual (ISA) e o Índice de Expectativas (IE), que seguiram a mesma direção neste mês.
Segundo o levantamento, o ISA avançou 4,6 pontos, para 81,4 pontos, alcançando o maior nível desde janeiro de 2015 (81,6 pontos). Isso quer dizer que as preocupações trazidas pela pandemia da covid-19 foram superadas no país, e o componente chegou ao patamar mais alto em mais de oito anos.
Por outro lado, o IE caiu 0,2 ponto em agosto, para 107,6 pontos. Embora tenha caído no mês, a variação foi muito tímida e considerada relativamente estável em relação a julho, segundo o FGV IBRE.
Ainda assim, vale destacar que o IE segue acima da marca de 100 pontos, indicando otimismo dos consumidores com o futuro. Nesse contexto, o indicador referente à situação atual do país (ISA) continua muito abaixo de 100 pontos, apesar do forte avanço mensal.
“O resultado de agosto foi influenciado principalmente pela melhora da percepção dos consumidores sobre a situação atual e de expectativas ligeiramente mais otimistas em relação aos próximos meses“, ponderou Anna Carolina.
Em agosto, dois principais fatores ajudaram a impulsionar a confiança dos consumidores no país: a desaceleração da inflação e a redução dos juros. Além disso, os dados mais positivos do mercado de trabalho ajudaram a fortalecer o ICC, que chegou ao maior nível em quase dez anos.
“Os resultados favoráveis refletem a continuidade de recuperação do quadro macroeconômico, a resiliência do mercado de trabalho e o início de programas voltados para a quitação de dívidas”, explicou Anna Carolina Gouveia.
Em resumo, a taxa de desocupação ficou em 8,0% no segundo trimestre deste ano, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua). Essa é a menor taxa para o período desde 2014, o que evidencia os grandes resultados nos primeiros meses do governo Lula. A propósito, a pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
“A continuidade desse cenário pode levar a confiança do consumidor de volta à neutralidade dos 100 pontos nos próximos meses, algo que não ocorre desde o fim de 2013”, acrescentou a pesquisadora.
No mês de agosto, a confiança dos consumidores cresceu entre todas as faixas de renda. Em síntese, o crescimento mais expressivo foi registrado entre os mais ricos, seguido pelos brasileiros com a menor faixa pesquisada.
Confira abaixo o índice de confiança dos consumidores por faixa de renda:
Cabe salientar que o maior crescimento da confiança veio das famílias de renda entre R$ 4.800,01 e R$ 9.600 (+3,3 pontos), cujo indicador estava em 89,7 pontos em julho. Em seguida, ficaram as seguintes faixas de renda: entre R$ 4.800,01 e R$ 9.600 (+2,2 pontos), até R$ 2.100 (+2,0 pontos), e acima de R$ 9.600 (+0,7 ponto).
Embora todas as faixas tenham registrado crescimento da confiança, as taxas seguem levemente abaixo da marca de 100 pontos, indicando ainda um pouco de pessimismo entre os consumidores.