Por William Douglas
Em frente aos portões de entrada do local de prova do concurso é possível ver uma série de pessoas, cada uma lidando com a expectativa e tensão dos minutos antes do certame à sua própria maneira. Há aqueles que conversam animadamente, os que ouvem música, os que leem (a matéria ou outros livros), mas existe um grupo que chama especial atenção: são os concurseiros assombrados pelo fantasma da reprovação.
Vivemos em uma sociedade que enaltece o triunfo a qualquer custo. O que não é enaltecido, ou melhor, o que não é explicado é em que, afinal, consiste o tão almejado triunfo. Triunfar, segundo o dicionário, significa obter vitória, obter bom resultado, prevalecer. O que esquecem de dizer é que parte indissociável de triunfar é, justamente, correr o risco, trabalhar, esforçar-se e eventualmente, ou muitas vezes, fracassar. O que vemos, no entanto, são pessoas que desistem antes mesmo de tentar, seja nos portões de entrada da prova, antes ou depois de sua realização, por medo de falhar, por medo da reprovação.
Se você é das pessoas que tremem ao ouvir a palavra “risco”, minhas próximas palavras são para você. Se você aprecia o risco, mas de uma maneira imprudente, também cabe a leitura.
No mundo dos concursos são raros os casos de risco puro e simples. O concurseiro até pode se dar ao luxo de se arriscar sem prudência ou impiedosamente, o que ocorre, por exemplo, quando este mesmo concurseiro se presta a realizar uma prova sem qualquer preparo para a mesma. Não se recomenda, mas acontece. O ideal é estudar, e, mesmo que tenha estudado pouco, ir lá e fazer o seu melhor.
Entenda, sempre estimulo as pessoas a irem fazer provas. O nadador precisa nadar, o corredor precisa correr e o concurseiro precisa fazer provas, como teste ou por esporte, precisa treinar e conhecer aquilo que vai enfrentar, sentir o clima, compreender os meandros de sua realização, entender a banca e suas exigências. No entanto, o único (e fundamental) segredo para obter a aprovação, e que muitos esquecem, é o estudo. Fazer provas, no final das contas, é uma maneira de estudar, mas quando associado à leitura e revisão da matéria é bem mais eficiente. Fazer uma prova sem, ao menos, o conhecimento dos fundamentos das disciplinas exigidas não é um risco, é uma certeza, certeza de que não obterá um resultado satisfatório.
Trata-se de um risco precisamente calculado aquele que o concurseiro corre. Arrisca-se a fazer as provas sempre com o objetivo de aprender o máximo possível com aquela experiência, consciente de que, se não for aprovado dessa vez, terá sido uma oportunidade de aprender, de testar seus conhecimentos e, mais importante, de avaliar onde são suas falhas para poder concertá-las. É uma estratégia.
Ser reprovado é normal
Em minha experiência junto aos concursos, tive a oportunidade de conhecer algumas poucas pessoas que foram aprovadas no primeiro concurso que prestaram. Desse pequeno universo, uma grande parcela já se preparava para o concurso antes mesmo que fosse autorizado. Portanto, desistir antes de tentar ou abandonar o barco por medo de fracassar são atitudes que não podem existir na vida de um concurseiro.
Sucesso e fracasso não são pessoas, mas situações. Não é necessário temer reprovação. Sucesso e fracasso são resultados das escolhas que você faz, portanto, escolha corretamente algo a ser colhido com o tempo. A jornada até a aprovação envolve quase sempre umas tantas reprovações. Quem entende de concurso sabe disso e você, se ainda não o tinha feito, a partir de agora já pode assimilar esse paradigma. Escolha se preparar com afinco, escolha as companhias que acreditam em seu projeto, escolha abrir mão de alguns prazeres (celular, TV, cinema, internet) por algum tempo para obter melhores resultados, escolha correr o risco de falhar sabendo que tentou e deu o melhor de si e desfrute do gosto doce dessa vitória, de ter dado mais um passo em direção ao seu futuro, mesmo que, agora, esse futuro aparente que vai demorar a chegar. Preocupe-se mais em estar na direção certa do que com sua velocidade.