No início desta quarta-feira (31), foi realizada a primeira reunião do novo comitê formado pelo governo e Congresso, criado para discutir ações contra a pandemia da Covid-19.
O primeiro encontro terminou com o presidente Jair Bolsonaro se mantendo na linha oposta ao isolamento social rígido.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o presidente da Câmara, Arthur Lira, discordam.
Jair Bolsonaro voltou a criticar as medidas de distanciamento social no dia em que o Brasil registrou um novo recorde de mortes por Covid-19: ao todo, foram 3.950 vítimas em 24 horas.
Na contramão do presidente, Queiroga, Pacheco e Lira se pronunciaram a favor das restrições para conter o avanço do vírus no país.
O isolamento social é defendido pelas autoridades de saúde para tentar diminuir a propagação da doença.
Bolsonaro manteve o discurso que reproduz desde o início da pandemia, dizendo que o isolamento social prejudica a economia.
“O apelo que a gente faz aqui é que políticas de lockdown sejam revistas, isso cabe na ponta da linha aos governadores e prefeitos, porque só assim nós podemos voltar à normalidade”, afirmou.
Sem citar os países, ele afirmou haver casos na Europa de “fadiga” e “estresse” com o lockdown:
“A população quer trabalhar, nenhuma nação se sustenta por muito tempo com esse tipo de politica. Nós queremos voltar à normalidade o mais rápido possível, buscando medidas para combater pandemia, como temos feito com as vacinas”, reafirmou o presidente.
Entretanto, Rodrigo Pacheco discordou do presidente e defendeu o lockdown, ressaltando que as pessoas não devem se envolver em aglomerações:
“É muito importante a comunicação, que haja um alinhamento da comunicação social do governo, da assessoria de imprensa da Presidência da República, no sentido de haver uma uniformização do discurso, de que é necessário se vacinar, usar máscara, higienizar as mãos, necessário o distanciamento social de modo a prevenirmos o aumento da doença no nosso país”, afirmou o presidente do Senado.
O ministro da Saúde, por sua vez, reforçou o pedido para que as pessoas fiquem em casa durante o feriado prolongado:
“No feriado não pode haver aglomerações desnecessárias. É importante usar máscara, ficar em casa e manter o isolamento. É importante fazer isso. Medidas extremas não são desejadas. Então vamos cumprir isso”, disse Queiroga.
O mês de março encerra com a assustadora marca de 66 mil óbitos em detrimento do novo coronavírus, o dobro do que foi registrado no pior mês até então.
O comitê contra a Covid-19 foi anunciado por Bolsonaro na última quarta-feira (24), após reunião na residência oficial do Palácio da Alvorada.
O presidente editou o decreto de criação do Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento da Pandemia da Covid-19.
Segundo o texto editado, a composição seria feita pelo presidente da República e pelos presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados.
Além disso, na condição de observador, uma autoridade seria designada pelo presidente do Conselho Nacional de Justiça.
O Brasil vive o momento mais grave da pandemia, com sucessivos recordes diários de número de mortes e de novos casos registrados.
Os sistemas de saúde nos estados estão sobrecarregados, com filas nas UTIs e ameaça de falta de oxigênio hospitalar e de insumos para intubação de pacientes.