A realidade da família de Rosimeire da Costa, que vive em Itumbiara, na região sul de Goiás, é mais um retrato da dificuldade que os estudantes estão tendo em manter a rotina de estudos após a suspensão das aulas presenciais por conta da pandemia de Covid-19. Seus cinco filhos pequenos precisam dividir um único celular para conseguirem estudar.
Como as aulas passaram a ser dadas remotamente, Rosimeire tem de se desdobrar para ajudar os filhos com as atividades escolares. “Qualquer mãe que tem criança sabe que todo dia é uma dificuldade diferente, que todo dia é uma coisa diferente que eles precisam, e a gente não pode dar. Eu agradeço muito porque eu ainda tenho esse celular, porque eu sei que tem mãe que está em condição bem pior, mas não é por isso que eu vou me acomodar e não vou tentar fazer o melhor para eles”, disse em reportagem ao G1 Goiás.
Rosimeire tem nove filhos, sendo que seis deles moram com ela, em Itumbiara, e três vivem no interior de São Paulo. Embora seja na mesma cidade, os meninos estudam em colégios diferentes. O pequeno Anthony, de 3 anos, estuda na Escola de Assistência ao Menor (Ami). Já Nicole, de 5, na Escola Municipal Rogério Ribeiro Mendonça. Os gêmeos Ícaro e Isaías, de 8, e o irmão Isaac, de 9 anos, estudam na Escola Municipal Floriano de Carvalho.
A dona de casa explica que um dos desafios durante os estudos com os filhos é provar que as tarefas foram feitas, uma vez que os professores pedem que os pais ou responsáveis tirem foto das atividades respondidas e mandem no grupo da escola. Como o celular está velho, a câmara é um recurso que já não funciona mais.
Porém, ela conta que a escola tem sido compreensiva com a situação dos filhos. Rosimeire conversou com as professoras que ajudam os estudantes nas atividades. “E sempre quando vem alguém aqui em casa que tem celular, eu tiro a foto e envio”.
A rotina com as aulas on-line mudou toda a dinâmica da família. A área do lado de fora da casa se tornou uma espécie de sala de aula, onde ela e o filhos passam boa parte do dia sentados na mesa. Ela diz que acorda mais cedo para adiantar as obrigações de casa e, depois, começa as atividades escolares com os filhos.
Sem emprego fixo, Rosimeire diz que sobrevive com ajuda de conhecidos. Ela recebe o Bolsa Família, no valor de R$ 160, que não é suficiente para cobrir as despesas. Os filhos não têm cama e dormem no chão. “Eu queria um beliche porque, como os cômodos são pequenos, não tem cama. Eles dormem todos na sala, no sofá, e eu sinto muita vontade de poder ajeitar o quartinho do meio e colocar um beliche para eles e ir organizando devagarzinho”, disse.