Um estudo de uma Universidade do Paraná mostrou que uma cesta básica no Brasil compromete quase metade de um salário mínimo completo. O estudo é do Núcleo de Conjuntura Econômica e Estudos Regionais (Nucer), da Universidade Estadual do Paraná (Unespar).
De acordo com a pesquisa, uma pessoa adulta precisa gastar cerca de R$ 513 para conseguir comer com qualidade durante um mês no Brasil. Esse número é portanto fruto de uma média. O salário mínimo no Brasil hoje é R$ 1.100, segundo o próprio Ministério da Economia.
Isso significa dizer portanto que uma cesta básica está comprometendo cerca de 46% do salário mínimo no Brasil. Em duas das quatro semanas de trabalho do mês, o empregado só consegue o dinheiro básico para a comida. A situação preocupa os especialistas.
“O ideal seria utilizar apenas 15,5% da renda para comprar os componentes da cesta básica, porque o salário não é só para comer, ainda tem saúde, educação, segurança, despesas de moradia como água, energia elétrica, aluguel, roupas, calçados, entre outros”, disse o economista Rogério Ribeiro. Ele é um dos responsáveis por esse estudo.
Ele lembra ainda que o salário mínimo ideal, de acordo com esse estudo, teria que variar em torno de R$ 3.314,88. É portanto um valor muito além do que a renda mínima que o Governo estipula para os trabalhadores brasileiros neste momento.
Se a situação não está das melhores para quem vive de salário mínimo, nem precisa imaginar com é que fica pra quem está vivendo apenas com o Auxílio Emergencial. Essas pessoas estão tendo que viver com, no máximo, R$ 375 por mês. Um salário mínimo paga bem mais.
Além disso, uma cesta básica nas principais cidades do país custa bem mais do que isso. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, por exemplo, o valor de uma dessas cestas mensais costuma ultrapassar a marca dos R$ 600 com certa facilidade.
E não são poucas pessoas que estão passando por essa situação agora. De acordo com dados do próprio Ministério da Cidadania, cerca de 39 milhões de brasileiros estão recebendo o Auxílio Emergencial neste momento. São portanto cidadãos que não possuem nenhum outro tipo de renda agora.
E tem como ficar pior. Milhões de pessoas não possuem nem o Auxílio Emergencial e muito menos um salário mínimo no país. O Governo não informa quantas brasileiros estão sem receber nenhum tipo de renda neste momento. No entanto, não dá para negar que são muitas.
Tanto é que o próprio Governo Federal reconhece o problema. Em entrevistas, aliás, o Ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o Planalto está trabalhando na construção de um novo programa que atenda especialmente essas pessoas.
Em um longo prazo, o Governo quer seguir apostando na vacinação em massa. Depois de um início em que disse que não compraria algumas vacinas, o Presidente Jair Bolsonaro voltou atrás e reconheceu que a vacinação é importante para a recuperação econômica do país. De acordo com especialistas, isso seria imperativo para que as pessoas conseguissem renda com menos dificuldade.