As heresias medievais estão sendo vistas por muitos professores como um assunto com alta probabilidade de aparecer nas provas de 2021, especialmente naquelas de segunda fase.
Porém, as heresias foram amplamente difundidas por toda a Idade Média e Idade Moderna. Dessa maneira, existem muitas doutrinas heréticas que podem aparecer nas suas provas de história, com destaque para os vestibulares.
Dessa forma, no artigo de hoje, analisaremos a heresia dos Cátaros, uma das mais relevantes de toda a Idade Média e que gerou consequências para todo o mundo.
A heresia medieval nomeada de catarismo surgiu entre os séculos XI e XII. Com uma base ideológica dualista, o grupo herético apresentava sua reflexão em duas esferas: o mundo espiritual, ao qual era atribuída a benevolência e que permanecia sob o julgamento de um Deus bom, e o mundo material, que era maligno e, dessa forma, concebido por Satã.
Podemos afirmar que os cátaros possuíam uma ideologia maniqueísta, ou, em outras palavras, dualista. Eles acreditavam na existência de dois deuses: um do bem e um do mal.
A doutrina cátara se baseava na restauração humana para a comunhão com o divino. Assim, para atingir esse objetivo, os seguidores da doutrina seguiam um rígido regulamento que previa, por exemplo a proibição do consumo de carne, das relações sexuais e da procriação, encarada pelo catarismo de maneira extremamente negativa.
Além disso, sendo adeptos da renúncia ao mundo terreno, os cátaros eram considerados, na sua época, favoráveis ao suicídio. Os fiéis eram alocados em dois grupos: Os “Perfeitos”, inseridos em uma hierarquia eclesiástica, dos quais era exigido retidão de caráter e moralidade e os “Crentes” sob os quais pairavam denúncias de rompimento da doutrina.
Dentre os sacramentos propostos pela doutrina, podemos citar o consolamentum, ritual de iniciação dos “Perfeitos”, ordenação, penitência e a quebra do pão.
Igualmente, o catarismo enxerga a Bíblia sob princípios opostos àqueles da crença cristã da época. Isso porque, eles propunham a reinterpretação do Novo Testamento, renegavam a reencarnação de Deus e concebiam Jesus na figura de um anjo, cuja função estava restrita unicamente à apontar o caminho para a redenção das almas. Assim, pode-se afirmar que eles negavam a natureza humana de Jesus, afirmando que ele nunca teria morrido na cruz, o que era considerado uma heresia pela Igreja Católica.
Diferentemente dos cátaros, os valdenses não questionavam tão fortemente o conteúdo das doutrinas da Igreja. Os seguidores de Valdo buscavam somente questionar a forma da Instituição, buscando algumas reivindicações dentro dela. Assim, a Igreja buscava incorporá-los e utilizá-los contra as heresias do primeiro tipo, vistas, em geral, como mais ameaçadoras e que deveriam ser exterminadas.
Os cátaros, porém, não se restringiam à criticar somente as formas da Igreja: eles teciam duras críticas aos dogmas católicos e ao conteúdo da crença em geral. E é justamente por esse motivo que a reação da Igreja contra os cátaros foi muito mais intensa.
Essa questão pode ser abordada por diversas provas justamente para propor ao estudante uma reflexão sobre os modos de agir da Igreja em relação aos diferentes movimentos heréticos, que não eram vistos como uma coisa só.
Em um primeiro momento, a Igreja buscou uma estratégia mais pacífica de conversão dos heréticos cátaros. Para atingir esse objetivo, utilizaram missões de pregação, como as realizadas por São Bernardo e São Domingo, e condenações esporádicas de seus seguidores em diversos concílios, como o Concílio Cátaro de Saint-Félix de Caraman (1167) e o Concílio de Lombers (1178).
Porém, essas medidas não foram eficazes. Assim, no Terceiro Concílio de Latrão (1790), pediu-se aos clérigos para que tomassem medidas mais drásticas contra os cátaros.
Por fim, no ano de 1208, após o assassintato de Pedro Castelnau, da Ordem Cistirciense, por Raimundo VI de Toulouse, o grande protetor dos cátaros, o rei Filipe Augusto, da França, atendeu aos apelos do papa Inocêncio III para que ajudasse no combate ao catarismo.
Dessa maneira, no ano de 1209, a primeira grande medida contra o grupo é tomada: A Cruzada Albigense.
Com o apoio de Filipe Augusto e outros importantes governantes que tinham seus próprios interesses políticos na Cruzada, em especial os da Dinastia Capetíngia, o papa Inocêncio III iniciou uma violenta repressão armada, no ano de 1209, contra os cátaros da região francesa do Languedoc.
Essa atitude resultou em uma guerra contra o condado de Toulouse e seus apoiadores. Participaram também muitos sujeitos das classes populares, motivados pelas promessas de indulgências Cason participassem do conflito. Após a morte de Raimundo VI, em 1222, seu filho, Raimundo VII, o substituiu no apoio ao movimento herético.
Sem outra saída, Raimundo VII submeteu-se às exigências da igreja no ano de 1229. Foi determinado, então, por meio de um tratado de paz assinado em Paris, que o Languedoc permaneceria integrado ao Reino se os cátaros fossem expulsos da região.
No século XIV, após a perseguição final de focos de resistência cátara na França e a ação da Inquisição contra os remanescentes fugitivos na Itália, o catarismo foi praticamente erradicado.