De acordo com os dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na última sexta-feira (8), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou uma queda de 0,21% no preço da carne em setembro, se comparado ao mês anterior.
Entretanto, dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram que o consumo de carne vermelha no Brasil é o menor dos últimos 26 anos, devido ao constante aumento do preço que o alimento vem sofrendo, principalmente depois do desencadeamento da pandemia da Covid-19.
A carne acumulou uma inflação de 8,52% em 2021. Já se for considerado os últimos doze meses, o acúmulo foi superior a 24%. Para se ter uma ideia, em um supermercado localizado na cidade de São Paulo, o preço do quilo do peito de frango, que passou a servir como alternativa para grande parte dos clientes, foi de R$ 9,90 para R$ 23.
Shirlei Castanha, dona do supermercado, afirma que, desde a década de 90, nunca havia visto uma crise afetar tanto o preço da carne vermelha quanto a atual, e que as vendas do produto no local caíram mais de 20%. “As pessoas já entram no supermercado buscando os produtos que estão em promoção, então muitas têm substituído a carne pelo frango, pela linguiça ou pela salsicha”, afirmou.
Além da gigantesca inflação que o preço da carne vem sofrendo no Brasil , outro fator que evidencia o momento econômico complicado que o país atravessa, é a considerável taxa de desemprego, pior até que a atingida antes do início da pandemia do novo coronavírus.
Segundo dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil já registra mais de 14,800 milhões de trabalhadores desocupados, conforme a economia ainda busca engatar uma recuperação dos danos causados pela Covid-19.
O total da população desocupada, no trimestre de fevereiro até abril, ficou em 48,5%, e se mantém abaixo dos 50% desde o trimestre divulgado em maio do ano passado, indicando que menos da metade da população apta ao trabalho tem emprego no Brasil.
Ao mesmo tempo em que o preço da carne vermelha está subindo , o custo médio com despesas básicas, como comida, combustíveis e contas de água e energia, aumentou 33% no último ano, segundo levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo ( FecomercioSP).
Os dados foram levantados com base no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), IBGE. De acordo com a pesquisa, entre março de 2020 e julho de 2021, período de pandemia, o avanço médio do valor das despesas básicas no Brasil foi de 30,3%.
No último mês de julho, as despesas básicas das famílias afetaram diretamente 18% na renda total dos lares brasileiros. Ou seja, a cada R$ 20 reais utilizados para a mesma finalidade, no mesmo período em 2020, o que agora equivale a quase R$ 27, apresentando um aumento de R$ 7.
A cesta de produtos de consumo básico englobam itens como a carne, arroz, feijão, leite integral, óleo de soja, além de gastos com gás de cozinha, contas de água e energia residenciais, gasolina, etanol, óleo diesel e gás veicular. A FecomercioSP avalia que a inflação descentralizada, aliada ao fato desses serem produtos essenciais para sobreviver, dificultam ainda mais os consumidores conseguirem economizar.