A população brasileira continua sofrendo com dívidas e contas atrasadas. Em maio de 2023, o endividamento atingiu 78,3% das famílias do país, mesmo patamar que o observado nos três meses anteriores.
Em 2022, o Brasil teve o maior percentual de endividados já registrado pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). Neste ano, a situação financeira das famílias do país não melhorou, e a expectativa para os próximos meses é bastante preocupante.
De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), responsável pela Peic, o endividamento até perdeu força no país nos últimos meses de 2022. Contudo, o patamar permanece muito elevado, refletindo as dificuldades dos brasileiros em honrar os seus compromissos.
Confira abaixo as taxas de endividamento dos brasileiros nos últimos meses:
A saber, o percentual de endividamento cresceu fortemente no Brasil em 2021, refletindo o impacto da pandemia da covid-19, e a trajetória continuou subindo em 2022, até alcançar o seu ponto máximo em setembro.
O cenário desafiador em que o país se encontrava, com a inflação elevada, pressionou o Banco Central (BC) a aumentar os juros no país, reduzindo o poder de compra do consumidor.
Entre março de 2021 e agosto de 2022, o BC elevou 12 vezes consecutivas a taxa básica de juro da economia, a Selic. Com isso, a taxa chegou a 13,75% ao ano, maior percentual desde novembro 2016.
Segundo a Peic, os consumidores que tiveram as maiores taxas de endividamento em maio foram aqueles de renda mais baixa. Por outro lado, os consumidores com o rendimento mais elevado tiveram percentuais um pouco menores no mês, mas ainda bastante elevados.
Confira abaixo os percentuais de endividamento por faixa de renda em março:
Apesar disso, o destaque foi a queda nas taxas dos extremos de renda. Em abril, a faixa de renda mais baixa havia alcançado 79,0%, ou seja, houve um recuo de 0,3 ponto percentual (p.p.). Da mesma forma, o endividamento entre os mais ricos também caiu 0,3 p.p., já que estava em 75,3% em abril.
“A alta dos juros tende a ter maior influência nas contas da classe média, enquanto o incremento de políticas voltadas para os benefícios sociais tem reflexo nas faixas de menor renda. Isso explica, em boa parte, os resultados da Peic de maio“, afirmou o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
Por outro lado, as taxas cresceram tanto para quem recebe de 3 a 5 salários mínimos (+0,9 p.p.), quanto para quem recebe de 5 a 10 salários mínimos (+0,2 p.p.). Esses avanços que impulsionaram a taxa nacional em maio.
Assim como o endividamento, o número de famílias inadimplentes também se manteve em nível bastante elevado em maio. De acordo com a Peic, três em cada dez famílias estava com dívidas atrasadas no país.
A taxa se manteve estável em 29,1% no mês passado, mesma taxa que a registrada em abril. Essa taxa superou em 0,4 p.p. o número registrado em maio de 2022, quando as dívidas atrasadas atingiram 28,7% das famílias do país.
Por falar nisso, a pessoa inadimplente é aquela que possui dívidas ou contas em atraso. Em resumo, há alguns fatores que propiciam o aumento da inadimplência entre os consumidores, como manter mais de um cartão de crédito e não se atentar à própria saúde financeira e às datas de pagamento das contas.
A Peic ainda revelou que 11,8% das pessoas não terão condições de pagar as dívidas que têm em atraso. Esse percentual subiu tanto em relação ao mês anterior (11,6%) quanto na comparação com maio do ano passado (10,8%), refletindo o aumento das dificuldades financeiras no país no último ano.
Por isso, para fugir do endividamento e da inadimplência, e não elevar os números de pesquisas semelhantes à Peic, fique atento à sua situação financeira e faça dívidas apenas se houver necessidade.
No mês passado, o levantamento informou que “dados inéditos da CNC projetam que, a partir de julho deste ano, a proporção de endividados deve voltar a crescer e encerrar o ano em nova máxima histórica“. Isso quer dizer que, em pouco tempo, a CNC deverá trazer dados ainda mais negativos sobre a situação financeira das famílias do país.
Além disso, a entidade prevê que o percentual de pessoas que possuem dívidas atrasadas há mais de três meses só deverá diminuir no final do ano. A expectativa da CNC é que o cenário fique marcado pela ausência de programas de regularização de dívidas atrasadas entre os mais pobres.