Quase 20 milhões de brasileiros estão passando fome no país neste exato momento. Os dados alarmantes foram divulgados pelo jornal Folha de São Paulo nesta quarta-feira (13). Eles tomaram como base um levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan).
De acordo com esse levantamento, esses 20 milhões de brasileiros representam a taxa de pessoas que afirmam que nos últimos dias chegaram a ficar 24 horas sem comer nada. E isso não aconteceu por opção, mas por falta de opção. Além disso, a mesma pesquisa mostra que cerca de 25 milhões de cidadãos afirmam que não têm certeza se conseguirão arranjar comida nos próximos dias.
Mas os números são ainda mais alarmantes quando se sabe que eles são referentes ao período do final do ano passado. Isso quer dizer, portanto, que eles não chegaram a pegar esse momento de aumento mais agudo da inflação. O que pode levar a crer que o número de pessoas que estejam passando fome no Brasil tenha crescido.
A pesquisa em questão entrevistou indivíduos em 1.662 casas de regiões e urbanas e mais 518 localizadas em áreas rurais. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) os índices de fome, que estavam caindo no Brasil desde 2004, voltaram a crescer em 2014 e não pararam mais.
“Antes mesmo da pesquisa, esperávamos o agravamento do quadro. Mas não que fosse tão profundo”, disse Renato Mafuf, que é um dos responsáveis pela pesquisa da Penssan, em entrevista para a Folha de São Paulo. O que é unanimidade em todos os lugares agora, é que a situação é muito grave.
Em entrevista recente, o Ministro da Economia, Paulo Guedes, reconheceu que a situação não é fácil. Ele até disse que “os vulneráveis ficarão para trás”. Outros membros do Governo Federal também estão reconhecendo a gravidade da situação.
A questão agora é saber como vai se resolver isso. E aí está um grande problema porque aparentemente o Governo Federal ainda não chegou em um denominador comum sobre essa resposta.
O Ministro da Cidadania, João Roma, disse que a solução seria prorrogar o Auxílio Emergencial. Pelas contas dele, cerca de 25 milhões de pessoas que hoje recebem alguma ajuda do Governo ficarão sem nada a partir de novembro.
A ideia de prorrogar o Auxílio Emergencial, no entanto, não vem agradando nada o Ministro Paulo Guedes. Ele segue acreditando que o melhor a se fazer até aqui é investir no Auxílio Brasil a partir do próximo mês de novembro.
Para quem não sabe, esse é o programa que deve substituir o Bolsa Família. A ideia do Governo é subir os patamares médios de pagamentos dos atuais R$ 189 para cerca de R$ 300. Além disso, o número de usuários subiria dos atuais 14,6 milhões para 17 milhões de pessoas.
Só que não se sabe se isso seria suficiente para diminuir a situação da fome no Brasil. Agora é esperar para saber o que o Governo Federal vai decidir para o futuro desses programas sociais nos próximos meses.