Tecnologia

Brasil avança em testes da TV 3.0

O Ministério das Comunicações (MCom) vai começar a terceira fase dos testes do projeto que vai evoluir o sistema de televisão brasileiro para a próxima geração de TV digital, a TV 3.0. A pasta recebeu do Fórum do Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD) as recomendações para adoção de tecnologias que poderão ser usadas no futuro da TV brasileira. Foram cinco meses de avaliação, que agora vão abrir um ciclo de testes mais avançados para a TV 3.0.

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De acordo com o ministério, as recomendações não são vinculantes, ou seja, não será obrigatória a a escolha entre uma delas. Inclusive, ainda não foi formalmente selecionada nenhuma tecnologia para o futuro padrão. 

A expectativa é que a nova geração da TV digital traga o aprofundamento da qualidade de som e imagem, e conteúdo segmentado geograficamente. A integração entre TV aberta e internet também deve ser ampliada, em particular com conteúdos de streaming. 

O estudo das tecnologias da TV 3.0 teve início em 2021, com uma chamada internacional para que empresas desenvolvedoras de tecnologias enviassem propostas para compor o novo padrão. Após a avaliação, que contou com financiamento do MCom e colaboração de diversas universidades brasileiras, o Fórum do SBTVD consolidou as recomendações que servirão de insumo para futura decisão do governo federal – será possível adotar ou não, entre as propostas técnicas, as mais adequadas ao novo padrão de televisão digital. 

Quais são as tecnologias em estudo

Uma das tecnologias que foi estudada pelo projeto é o 5G Standalone Broadcast, desenvolvido pela fabricante de equipamentos Qualcomm. A tecnologia é capaz de trocar o sistema de broadcast usado hoje, que transmite o mesmo sinal de uma torre para múltiplas casas, pelo “unicast”, onde cada dispositivo pode receber um conteúdo específico a partir do mesmo espectro de banda, que é por onde o sinal da TV digital é transmitido.  

Segundo a fabricante, a tecnologia facilitaria a distribuição de conteúdo local, pois fica mais simples de restringir a cobertura de uma programação a uma cidade. Além disso, o 5G Standalone Broadcast também permitiria aproveitar de frequências de espectro que estão livres.  

O projeto da Qualcomm ainda vai competir com outras tecnologias de transmissão de sinal, como o Advanced ISDB-T, um padrão japonês, o ATSC 3.0, dos Estados Unidos, e o DTMB-A, da China. 

Ainda segundo o Ministério das Comunicações, outras tecnologias propostas permanecerão em avaliação, de forma que os trabalhos para TV 3.0 deverão seguir adiante durante o ano de 2022. A pasta ressalta que o governo permanece comprometido com o desenvolvimento tecnológico da televisão livre, aberta e gratuita. 

O MCom destaca as possibilidades que a tecnologia pode trazer, como a integração com conteúdo via internet e com smartphones, além dos recursos de interatividade e, claro, a melhor qualidade de som e imagem. 

A evolução da TV no Brasil

O primeiro padrão de televisão, ainda analógico, foi adotado na década de 1950 e era conhecido por introduzir chiados no som e chuviscos na imagem, além de ter uma qualidade não tão satisfatória. O formato perdurou até 2006, quando a televisão digital (ou TV 2.0) começou a ser implementada no Brasil a partir de 2006, trazendo melhor qualidade de som e imagem e eliminando problemas causados por má recepção. 

No entanto, atualmente, não são todas as pessoas que têm acesso à TV digital. Cerca de 1,6 mil municípios brasileiros ainda contam com apenas a TV analógica. Para lidar com isso, o governo federal lançou, em maio de 2021, o programa Digitaliza Brasil e já publicou editais que contemplam quase 1,4 mil municípios de 15 estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Sergipe. 

Enquanto os dois primeiros padrões convivem em uma mesma época, o MCom já trabalha na definição do próximo padrão, aumentando a capacidade do sinal para chegar em regiões mais remotas e entregando experiências de áudio imersivo e de imagem em ultra alta definição (4K), bem como integração entre conteúdo da radiodifusão e de Internet (streaming).