O Governo Federal acaba de confirmar que vai mesmo elevar o valor do salário mínimo em 2023. Contudo, a decisão foi tomada depois de uma reunião tensa no Palácio do Planalto. Segundo informações de bastidores, dois ministros que estavam presentes chegaram a trocar farpas no meio das discussões.
A reunião em questão contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de representantes de Centrais Sindicais, do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) e do Ministro do Trabalho, Luiz Marinho (PT). Eles discutiram a possibilidade de elevar o valor do salário dos atuais R$ 1.302 para R$ 1.320.
No encontro, membros das Centrais Sindicais disseram que entregaram uma proposta de valorização do salário mínimo que considerava a inflação do ano anterior, o PIB dos dois anos anteriores, e mais uma variação de 2,4%. O Ministro Fernando Haddad disse que não chegou a receber esta proposta de desenho em nenhum momento.
O Ministro do Trabalho logo retrucou a fala de Haddad e disse que falou sobre o tema em diversas reuniões ao longo das últimas semanas. O chefe da pasta econômica disse que não foi chamado para tais encontros, e foi retrucado mais uma vez por Luiz Marinho, que voltou a dizer que Haddad estava presente no momento.
No final das contas, o presidente Lula tentou apaziguar os ânimos afirmando que vai assinar a Medida Provisória (MP) que eleva o salário mínimo para R$ 1.320 a partir de maio, assim como queria Luiz Marinho. Ao mesmo tempo, ele indicou que não vai poder dar aumento extra de 2,4% ao ano, atendendo ao pedido de Fernando Haddad.
Em entrevista no último mês de fevereiro, o presidente Lula já tinha confirmado que elevaria o valor do salário mínimo em 2023. De acordo com ele, o anúncio seria feito em maio. Ele também já tinha dito que confirmou esta informação com os Ministérios do Trabalho e da Fazenda.
“Já combinamos com movimentos sindicais, com Ministério do Trabalho, com o ministro Haddad, que vamos, em maio, reajustar para R$ 1.320 o valor do salário mínimo, e estabelecer nova regra para o piso, levando em conta, além da reposição da inflação, o crescimento do PIB, porque é a forma mais justa de distribuir o crescimento da economia”, disse Lula em entrevista à CNN Brasil.
Mesmo após esta confirmação, ainda existia uma certa dúvida sobre a o aumento. Os questionamentos aumentaram no início desta semana, quando o Ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), chegou a dizer que a elevação para R$ 1.320 não estava confirmada.
“Foi negociado e proposto pelo governo o valor de R$ 1.320, mas está em R$ 1.302, e qualquer diferença exigirá uma Medida Provisória e discussão no Congresso. O valor não está fechado ainda”, disse o Ministro da Previdência.
Ao trabalhador, resta entender que existem dois assuntos em negociação. Um deles é o aumento do salário mínimo para este ano, e o outro é a definição do plano nacional de valorização. Entenda as diferenças.
As discussões em torno do aumento para R$ 1.320 se tratam sobre os valores que serão válidos para este ano. Em tese, o Governo Federal não é obrigado a elevar o salário mais uma vez em 2023, mas o presidente Lula quer um novo reajuste. A ideia é que o novo valor comece a valer de fato para trabalhadores formais e também para aposentados e pensionistas do INSS a partir de maio.
O plano nacional de valorização do salário mínimo é um segundo ponto. Esta discussão se trata da definição do desenho de uma regra que vai definir o valor pago a partir do ano de 2024. A decisão que for tomada sobre o plano agora, portanto, não vai ter nenhum efeito sobre os pagamentos de 2023.