Foi publicado no Diário Oficial da União desta sexta-feira, 24 de abril, o decreto do presidente Jair Bolsonaro que confirma a saída do diretor-geral da Polícia Federal (PF), Maurício Leite Valeixo, do comando da corporação. Segundo o texto publicado, a exoneração ocorreu “a pedido”.
No entanto, o ministro Sérgio Moro foi pego de surpresa pela exoneração de Valeixo – que não ocorreu “a pedido” como diz o Diário Oficial – e por isso ficou indignado. O ministro ainda não assinou a demissão e não esperava que isso ocorresse nesta sexta-feira.
Vale lembrar que como o cargo de direção da PF é de livre nomeação do presidente, o ministro não precisaria assinar o despacho de saída do diretor da PF. Moro pretende dar uma entrevista ainda nesta sexta às 11h.
Na última quinta-feira (24), o ministro havia revelado ao presidente que pediria demissão se Valeixo fosse demitido. O Ministério da Justiça negou que Moro tenha chegado a pedir demissão.
Conforme informou a colunista Andréia Sadi, Bolsonaro quer Alexandre Ramagem para o comando da PF. O nome não tem o apoio de Moro, e agora ministros da ala militar avaliam que o ministro da Justiça vai deixar o governo.
Na última quinta-feira (24), às 09 horas, Bolsonaro havia avisado a Moro que substituiria o diretor-geral da PF. No entanto, Moro resistiu porque não houve uma justificativa clara apresentada para saída do diretor-geral da PF.
De acordo com alguns relatos, o problema para Bolsonaro não é Maurício Valeixo, e sim o próprio ministro.
De acordo com interlocutores, o objetivo seria colocar no comando da Polícia Federal um nome próximo do presidente. O atual diretor-geral é visto como o braço direito de Sergio Moro na corporação. Com a troca, a avaliação é de que o sucessor não teria um perfil similar.
O agora ex-diretor da PF havia sido superintendente da PF no Paraná durante a operação Lava Jato, quando Moro era juiz federal responsável pelos processos da operação na primeira instância. Antes mesmo da posse do governo Jair Bolsonaro, em novembro de 2018, o ministro havia anunciado a escolha de Valeixo para ser diretor-geral da PF.
Ao escolher Moro para o cargo, Bolsonaro havia prometido “carta-branca”, de modo que o trabalho do ministro não sofresse interferências. No entanto, desde então, Bolsonaro e Moro têm acumulado divergências.
A Associação de Delegados de Polícia Federal (ADPF) e a Federação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (Fenadepol), em nota, criticou o retorno da então possível substituição do diretor à pauta do governo.
“Essas especulações, infelizmente, prejudicam a estabilidade da Polícia Federal, a sua governança e colocam em risco a própria credibilidade na lisura dos trabalhos da instituição. O problema não reside nos nomes de quem está na direção ou de quem vai ocupá-la. Mas sim, na absoluta falta de previsibilidade na gestão e institucionalidade das trocas no comando”, diz o comunicado.
“Nos últimos três anos, a Polícia Federal teve três Diretores Gerais diferentes. A cada troca ou menção à substituição, uma crise institucional se instala, com reflexos em toda a sociedade que confia e aprova o trabalho de combate ao crime organizado e à corrupção.”
A nota divulgada pela Associação também pede que o Congresso aprove medidas que garantam um mandato por prazo determinado à direção-geral da PF e a autonomia da corporação.
“Somente tais medidas irão proteger a PF de turbulências e garantir a continuidade do trabalho de qualidade prestados ao Brasil”, dizem as entidades.
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