Em entrevista nesta semana ao portal Metrópoles, o presidente Jair Bolsonaro (PL) criou polêmica ao sugerir que a miséria no Brasil seria ocasionada pela falta de informação das pessoas. O candidato que disputa a reeleição deu esta declaração ao ser perguntado pelos jornalistas sobre os números de pobreza no Brasil durante o seu governo.
“Quem porventura está em estado de necessidade, é só se cadastrar. Nem precisa procurar um vereador, uma prefeitura”, respondeu. “Essa informação de miserabilidade existe. Mas por desinformação. E não tem fila para esse pessoal. Nós fizemos a coisa certa”, disse o presidente na entrevista.
“Então, tem gente que passa fome, passa. Mas não se justifica passar fome porque você pode requerer (o programa Auxílio Brasil). E, com R$ 20 por dia, eu sei que não é muita coisa, mas dá para você comprar por exemplo 2 quilos de frango no supermercado”, disse na quinta-feira (20), em entrevista ao podcast Inteligência Ltda.
Hoje, o Auxílio Brasil do Governo Federal atende pouco mais de 21 milhões de pessoas em todas as cinco regiões do país. Trata-se de um recorde na história do jovem do programa. Segundo o Ministério da Cidadania, a fila de espera para entrada no projeto social realmente está zerada desde o último mês de agosto, o que significaria em tese que ninguém precisaria esperar para ser selecionado.
Contudo, também é fato que o presidente não considera os dados da inflação atual. Hoje, o Auxílio Brasil faz pagamentos mínimos de R$ 600 por família. O valor não é suficiente para comprar uma cesta básica na maioria das grandes cidades brasileiras. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, por exemplo, dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) mostram que a cesta já custa mais do que R$ 600.
Recentemente, o presidente Jair Bolsonaro questionou os números da fome no Brasil. Ainda com base na ideia de que o governo já está pagando o Auxílio Brasil, ele disse que não é comum ver pessoas pedindo comida nas ruas brasileiras.
“Quem porventura está no mapa da fome, pode se cadastrar e vai receber, não tem fila o Auxilio Brasil. São 20 milhões de famílias que ganham isso aí”, disse o presidente em entrevista para um podcast. “Então, essa preocupação de se antecipar problemas têm feito com que o povo brasileiro sofra menos do que a população aí fora”, seguiu ele.
“Esse discurso de 15 milhões passando fome não é verdade esse número. Se for a qualquer padaria aqui, não tem ninguém pedindo ali pedindo para você comprar o pão para ele, isso não existe. Eu falando isso estou perdendo votos, mas a verdade você não pode deixar de dizer”, completou o presidente.
Em reportagem recente, o jornal Folha de São Paulo revelou que o Ministério da Economia está estudando a possibilidade de separar a definição do salário mínimo da inflação passada, o que abriria espaço para um aumento menor do reajuste.
Sobre este ponto, o Ministro da Economia, Paulo Guedes, confirmou que os estudos existem, mas negou que a objetivo seja aumentar menos o salário mínimo. Na TV, Bolsonaro anunciou que pretende pagar um aumento real nos próximos anos.
“Consertamos a economia do Brasil. Estamos arrecadando muito. Assim sendo, a partir do ano que vem, a nossa garantia de darmos a todos aposentados e pensionistas um reajuste acima da inflação. A mesma coisa no tocante aos servidores públicos, concedendo, no ano que vem, um reajuste acima da inflação”, afirmou o candidato à reeleição.