Em entrevista ao jornal O Globo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, prometeu a criação de um novo programa que irá garantir uma espécie de “bolsa para jovem”. O que, de acordo com especialistas ouvidos pelos iG, é superficial e deixa de prestar atenção no principal problema: ” a falta de oportunidade e acessos à educação e serviços públicos”.
O programa mencionado na entrevista é o Bônus de Inclusão Produtiva (BIP). O advogado trabalhista Gabriel Pacheco avalia que o problema não são as leis trabalhistas, mas sim na qualidade da educação oferecida.
“O quê, na legislação atual, impede o jovem de ser contratado? O fato de o empregador ter de lhe pagar salário, férias, décimo terceiro, FGTS? Ou é a falta de preparo e qualificação desse jovem?”, expõe sobre o bolsa para jovem.
Para Pacheco, o programa que prevê uma bolsa para o jovem é imediatista, na medida que só busca melhorar a imagem do governo. A ideia seria diminuir o desemprego temporariamente e não resolver o problema, defende.
“Não é papel do Estado ensinar o jovem a trabalhar. O papel do Estado é dar educação para que o jovem tenha condições de aprender a profissão. Essa medida de incentivar o jovem oferecendo ‘dinheiro’, com o intuito de melhorar a qualificação, só faz com que o povo seja ainda mais dependente do Estado para que seja possível o ingresso no mercado de trabalho”, aponta.
Mesmo com menos da metade da população brasileira conseguindo chegar ao Ensino Superior ou curso técnico, os maiores recursos do governo estão concentrados nesta área.
Enquanto o governo gasta US$ 3,8 mil por ano com um aluno do ensino fundamental, por outro lado investe US$ 11,7 mil em estudantes do Ensino Superior. O valor é mais que o triplo, se comparado.
“O fato de alguém ser graduado não lhe qualifica para o trabalho se não possuir qualificação básica suficiente para enfrentar a realidade do mercado”, diz o especialista.
“O trabalhador não tem condições de se profissionalizar por falta de recursos e por não ter o conhecimento necessário para o ingresso em algum tipo de especialização profissionalizante. Isso se torna um ciclo sem fim. Esse ciclo não acaba enquanto a educação na base de formação do indivíduo não lhe der opções de crescimento e escolha pela qualificação profissional”, completa.
O programa que propõe uma Bolsa para Jovem, prevê um auxílio para jovens que não trabalham e nem estudam – os chamados “nem-nem”. Veja aqui os VALORES e mais detalhes do programa que Guedes já REVELOU.