A assistência social no Brasil passa por uma transformação significativa, com a aprovação de uma nova lei que promete alterar as regras de elegibilidade para programas fundamentais como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Essa medida, recentemente aprovada pelo Senado Federal, visa garantir um acesso mais justo aos benefícios sociais, especialmente para aqueles que se encontram em situações de vulnerabilidade.
O Projeto de Lei n.º 3.619/2023, recém-aprovado, traz consigo mudanças substanciais que afetarão diretamente os beneficiários do BPC. Destinado a idosos e pessoas com deficiência em situação de vulnerabilidade social, o BPC é um recurso fornecido pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). No entanto, as regras anteriores frequentemente excluíam essas famílias da elegibilidade para o Bolsa Família, um programa de transferência de renda essencial para milhões de brasileiros.
A principal alteração introduzida por essa nova lei é a exclusão dos valores recebidos do BPC no cálculo da renda familiar para fins de acesso ao Bolsa Família. Anteriormente, o valor do BPC era contabilizado na renda total da família, o que frequentemente elevava essa renda acima do limite estabelecido para o Bolsa Família, dificultando o acesso a esse programa.
Com a aprovação dessa medida, os beneficiários do BPC terão uma maior possibilidade de serem aprovados no Bolsa Família, pois a renda proveniente do benefício não será mais considerada no processo de avaliação. Essa mudança visa garantir que o BPC cumpra seu papel de assistência sem prejudicar o acesso a outros programas sociais, mesmo em situações de vulnerabilidade.
Considere o caso de uma família composta por uma mãe solteira e três filhos menores. A mãe, trabalhando como diarista, ganha R$ 800 por mês. Anteriormente, essa renda somada ao valor do BPC, que é equivalente a um salário mínimo (R$ 1.412 em 2024), poderia elevar a renda familiar acima do limite estabelecido para o Bolsa Família, tornando-os inelegíveis para o programa. No entanto, com a nova lei, o valor do BPC não será contabilizado, permitindo que essa família acesse ambos os benefícios, garantindo um suporte financeiro mais abrangente.
As mudanças previstas não alterarão os pagamentos dos benefícios ou o funcionamento dos programas.
Conforme as regras atuais do Bolsa Família, tem direito ao benefício toda família com renda mensal de até R$ 218 por pessoa. Esse valor é calculado dividindo-se a renda total da família pelo número de integrantes. É importante ressaltar que as famílias devem cumprir determinados compromissos nas áreas de saúde e educação para manter a elegibilidade, como:
O Bolsa Família oferece uma gama de benefícios financeiros, variando conforme a composição familiar e a renda per capita. Em 2023, os valores máximos são os seguintes:
Dessa forma, uma família composta por um casal, duas crianças menores de 16 anos e um adolescente de 17 anos, em situação de extrema pobreza, pode receber até R$ 1.400 por mês do Bolsa Família.
O Benefício de Prestação Continuada (BPC) também passará por algumas atualizações em 2024, impulsionadas pelo reajuste anual do salário mínimo. Como o valor do BPC é equivalente a um salário mínimo, os critérios de elegibilidade serão ajustados de acordo com o novo valor de R$ 1.412.
Embora as novas regras representem um passo importante, ainda existem desafios a serem enfrentados. É fundamental garantir a transparência e a fiscalização adequada dos programas sociais, evitando fraudes e desvios de recursos. Além disso, é necessário investir em políticas complementares de geração de emprego e renda, promovendo a autonomia financeira das famílias a longo prazo.