O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu pela terceira vez consecutiva a taxa básica de juros da economia brasileira. Nesta quarta-feira (1º), o comitê anunciou uma redução de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, que passou de 12,75% para 12,25% ao ano.
Esse é o menor patamar desde o início de maio de 2022, quando a Selic estava em 11,75%, ou seja, em um ano e meio. Isso porque, até agosto, a taxa estava em 13,75% ao ano, maior patamar em quase sete anos.
A decisão veio em linha com as estimativas do mercado, que esperava por uma redução de 0,50 ponto percentual (p.p.). Aliás, a decisão foi unânime, com todos os diretores do Copom votando a favor da redução, repetindo o que aconteceu em setembro, quando todos votaram a favor da redução dos juros.
Ambas as decisões foram completamente diferente do observado na reunião do Comitê em agosto, quando quatro diretores votaram a favor de uma redução de 0,25 p.p., enquanto outros quatro se mostraram favoráveis a um corte de 0,50 p.p.
Nesse caso, coube ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, dar o voto de desempate e decidir o tamanho do corte. Para surpresa do mercado, Campos Neto escolheu a redução mais forte, acima das projeções dos analistas, cujo consenso indicava uma queda de 0,25 p.p. na taxa de juros.
Em comunicado divulgado após a reunião do Copom, que teve início na terça-feira (31), o comitê informou que a redução dos juros segue compatível com o objetivo do BC de controlar a inflação para mantê-la dentro da meta de 2023, bem como de 2024 e, em menor grau, de 2025.
A saber, o Copom sempre toma muito cuidado para definir a taxa de juros no Brasil, pois a decisão provoca impactos demorados na economia brasileira. Na verdade, a taxa Selic pode durar de seis a 18 meses para impactar a economia, afetando a inflação no país.
A propósito, o Copom revelou que os membros do comitê acreditam que a próxima reunião deverá promover novos cortes de 0,5 p.p., assim como ocorreu nos três últimos encontros do comitê. C0ntudo, o Copom garantiu que a decisão continuará sendo tomada com “serenidade”.
“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário“, informa o comunicado.
Os diretores do Copom avaliam que a execução das metas fiscais estabelecidas pelo governo federal pode ajudar a reduzir as expectativas em relação à inflação. Caso isso se confirme, o comitê acredita que essa política monetária contracionista será suficiente para os próximos meses no Brasil.
Nesta quarta-feira (1º), o Copom reforçou a busca pelas metas fiscais. Nos últimos dias, a questão ganhou repercussão no país após falas polêmicas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em outras palavras, o presidente disse que o déficit zero das contas públicas não era tão importante assim para o país.
“Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas“, informou o Copom.
Vale destacar as novas declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em suma, ele sempre defendeu fortemente a busca por zerar o rombo das contas públicas. Contudo, em suas últimas falas públicas, Haddad preferiu não falar sobre a meta de zerar o déficit das contas públicas em 2024.
O déficit zero, ou seja, um equilíbrio nas contas públicas, sem resultado negativo nem positivo, está previsto no arcabouço fiscal, nova regra aprovada neste ano para o controle de despesas do governo.
Em resumo, o Copom é formado pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e por oito diretores do BC. A saber, o Copom se reúne a cada 45 dias para definir os novos rumos da política monetária do Brasil, que afeta todo o país, bem como a população.
Por sua vez, a Selic é o principal instrumento do BC para conter a alta dos preços de bens e serviços. Quanto mais alta ela estiver, mais altos ficarão os juros no país. Assim, o crédito fica mais caro, reduzindo o poder de compra do consumidor e desaquecendo a economia.
Como a inflação perdeu força em 2022, o Copom decidiu interromper a sequência de altas realizada entre 2021 e 2022. Nesse período, o comitê elevou 12 vezes consecutivas a taxa de juros no Brasil. Em seguida, manteve a taxa Selic estável por quase um ano, até agosto deste ano, quando promoveu o primeiro corte da taxa Selic em três anos.