Conforme relatório oficial do Copom, divulgado no site do Banco Central do Brasil, em economias avançadas, a inflação tem se elevado nos últimos meses, inclusive superando as metas de inflação em algumas delas.
A avaliação predominante dos principais bancos centrais é de que essa elevação é temporária, fruto da reabertura das atividades econômicas e dos choques de oferta já mencionados.
De acordo com o relatório, neste sentido, a comunicação desses bancos centrais segue apontando para a manutenção das condições monetárias acomodatícias, porém em alguns países já se iniciaram ajustes nos programas de compras de ativos.
Nos Estados Unidos da América (EUA), a inflação ao consumidor segue em níveis historicamente elevados, de 5,2% em agosto, significativamente acima da meta de 2%. A persistência de gargalos nas cadeias produtivas e o prolongamento dos efeitos da reabertura da economia devem contribuir para que a inflação siga elevada em 2021, com perspectivas de queda a partir do próximo ano.
A possível persistência das pressões inflacionárias é um elemento de risco para o cenário prospectivo da política monetária americana. Na sua reunião de setembro, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) manteve a taxa dos Fed Funds no intervalo entre 0 e 0,25%, assim como o forward guidance de política monetária e de compra de ativos (Treasuries e Mortgage-backed securities – MBSs).
Entretanto, o Fomc avançou em sua comunicação, com a menção de que houve progresso nas condições econômicas desde o final do ano passado e de que o tapering1 da compra de ativos deve se iniciar em breve, mantido o atual grau de progresso da economia.
Embora ainda esteja sujeito a debates, há a sinalização de que o processo de tapering deva se completar até a metade do próximo ano. Adicionalmente, o banco central americano tem buscado evidenciar que a redução da compra de ativos e a alta dos Fed Funds são processos dissociados, de modo que a política monetária deve permanecer acomodatícia ainda por algum tempo. O Fomc mantém sua avaliação de que a elevação da inflação americana é temporária, mas mantém a mensagem de que não hesitará em agir caso as expectativas de inflação se movam de forma material e persistente além do nível considerado consistente com os objetivos de política monetária.
O Banco Central Europeu (BCE), em sua reunião de setembro, manteve as taxas básicas de juros e os volumes de compras de ativos pelo seu programa de compras tradicional, o APP2, porém anunciou a redução do ritmo de compras de ativos pelo programa emergencial, o PEPP3. Em sua comunicação, a Presidente Lagarde enfatizou que este movimento é apenas um ajuste no volume de compras e não um tapering, e que a decisão foi motivada pela percepção de que as condições financeiras permanecerão acomodatícias.
Conforme aponta o relatório, os choques de preços observados neste ano – preços de energia, gargalos na cadeia produtiva e preços de serviços afetados pela pandemia – também são percebidos pelo BCE como temporários, embora especial atenção será dada aos seus efeitos de segunda ordem, particularmente na evolução das renegociações salariais entre sindicatos de empregadores e de trabalhadores.
Em várias economias emergentes, as taxas de inflação ao consumidor continuam pressionadas. Sendo assim, os principais fatores determinantes foram as elevações de preços de energia e de alimentos no primeiro semestre, bem como, o efeito das desvalorizações cambiais ocorridas desde o ano passado, em graus diferenciados para cada país. Bancos centrais de algumas economias emergentes já deram início ao processo de normalização da política monetária com elevação das taxas básicas de juros, informa o relatório oficial do Banco Central do Brasil.