O anúncio de um novo concurso para o Banco Central não foi bem recebido pelos servidores do órgão. O aval para o novo certame prevê a criação de 100 vagas para cargos de nível superior.
A autorização concedida pela ministra da gestão e da inovação em Serviços Públicos (MGI), Esther Dweck, na última terça-feira, 18, causou uma tensão entre os servidores e a administração pública.
Isso porque, segundo comunicado emitido pelo Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), assinado pelo presidente Fábio Faiad, a categoria pede por uma reestruturação na carreira antes que um novo concurso seja realizado.
“Os ânimos da categoria, antes inconformados com a indisposição do governo em avançar na reestruturação da carreira, posição publicamente manifesta pela ministra, estão agora in?amados com a possibilidade de realização de um concurso público sem que as pautas colocadas pela categoria sejam solucionadas”, disse em nota o presidente da Sinal.
Ainda, de acordo com o sindicato, a operação padrão (operações mais lentas e paralisações parciais diárias) iniciada em 03 de julho deste ano tende a se intensificar caso as reivindicações dos funcionários não sejam atendidas, o que pressupõe, nesse caso, até mesmo uma possível greve da autarquia.
As principais mudanças propostas na reestruturação de carreira dos servidores do Banco Central do Brasil incluem:
Para o presidente do SINAL, o concurso do Banco Central é visto como inoportuno.
“O Sinal entende que a realização de concurso neste momento é inoportuna e uma forma de inviabilizar a pauta reivindicatória da categoria. Dentro de um cenário de sucateamento da autarquia e de desmotivação funcional, o concurso público atrairia candidatos com formação educacional de segundo grau ou interessados em usar o BC apenas como trampolim para outras carreiras com remuneração superior”, informa o sindicato.
Entretanto, ainda de acordo com o SINAL, com a reestruturação da carreira, o resultado seria o inverso.
“O concurso atrairia candidatos com maior nível de escolaridade e a Autarquia conseguiria manter em seus quadros os novos servidores com maior quali?cação. Sem a reestruturação, o Sinal prevê um agravamento do quadro de desmonte a olhos vistos da carreira de Especialista do BC, que vem ocorrendo na última década, com reajustes abaixo da in?ação e com as crescentes assimetrias em relação a carreiras congêneres.”, explica o sindicato em nota.
Agora, representantes dos funcionários do Banco Central buscam ser recebidos pelo Ministério da Fazenda com o objetivo de expor as preocupações dos servidores em relação aos impactos negativos de um concurso público no momento atual de negociação.
Uma das pautas que o sindicato pretende levar ao ministério é a criação de uma medida provisória ou projeto de lei que trate da criação de uma retribuição por produtividade, ao exemplo do bônus de produtividade recebido pelos auditores fiscais da Receita Federal.
Contudo, caso o ministério se negue a atender a categoria partes importantes do sistema financeiro brasileiro poderiam entrar em colapso, como o PIX e a própria taxa SELIC.
“Sem que a Fazenda abra um canal de diálogo com as entidades que representam o corpo técnico do BC, a atmosfera na autarquia tende a ficar insustentável, colocando em risco o cumprimento de sua missão institucional, incluindo seu papel de regulador e fiscalizador do Sistema Financeiro Nacional e como gestor do STR, Selic e Pix”, finaliza o presidente do SINAL, Fábio Faiad.
Durante assembleia realizada na última segunda-feira, dia 17, antes mesmo do aval para o novo concurso BC, a categoria já havia decidido intensificar a operação padrão.
Com isso, eventos, atrasos e interrupções em diversos outros serviços do Banco Central podem se tornar cada vez mais frequentes e se espalhar até mesmo entre os departamentos que ainda não foram atingidos.