Na Alemanha, torna-se cada vez mais comum a utilização de um tipo especial de recrutamento dos profissionais da área da saúde devido à falta de enfermeiros no país. Esse cenário é especialmente evidente nas cidades menores e em casas de repouso para idosos.
Adicionalmente, na Alemanha, as carreiras de enfermagem geralmente envolvem uma formação “exclusivamente profissional”, similar ao curso técnico aqui no Brasil. Somente cerca de 1% a 2% dos enfermeiros formados por lá possuem uma licenciatura.
Aqueles que defendem a obtenção da licenciatura juntamente com o bacharelado no estudo de enfermagem argumentam que as habilidades educacionais auxiliam o profissional em sua prática. Assim, permite a promoção da educação em saúde para a equipe e para a sociedade em geral.
Em 2022, de acordo com o Escritório Federal de Estatísticas (Destatis), havia aproximadamente 146 mil enfermeiros generalistas se formando na Alemanha. Cerca de 52,3 mil dos aprendizes iniciaram há menos de um ano, apresentando uma queda de 7% (ou 4 mil pessoas) em comparação com 2021.
Em 2017, a quantidade de enfermeiros treinados fora atuando na Europa era de 4,9 mil, e esse valor aumentou para 8,3 mil em 2021. Atualmente, ainda não há dados disponíveis para 2022 e 2023.
Com o objetivo de estimular a contratação de enfermeiros, o ministro do Trabalho e o ministro das Relações Exteriores da Alemanha realizaram uma visita ao Brasil em 5 de junho. No ano de 2022, a Alemanha assinou o contrato junto ao Cofen (Conselho Federal de Enfermagem) do Brasil. Essa negociação ocorreu através da agência federal de empregos, possibilitando a contratação desses profissionais brasileiros.
De acordo com o Cofen, a Alemanha planeja selecionar 700 enfermeiros brasileiros anualmente. Atualmente, cerca de 200 profissionais já estão trabalhando por lá, enquanto outros 374 estão em fase de conclusão do curso de alemão. O recrutamento estabelece que a condição de trabalho para os enfermeiros brasileiros seguirá as diretrizes da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Os requisitos para quem está interessado em trabalhar na Alemanha como enfermeiros são:
De acordo com as autoridades alemãs, a seleção de profissionais será feita pelo próprio governo. A Agência Central de Colocação Internacional e de Especialistas (ZAV), que faz parte da Agência Federal de Emprego, é que conduz o processo de seleção. A avaliação dos candidatos ocorre antes mesmo da equivalência da qualificação profissional obtida no exterior.
Há um site disponibilizado pelo governo alemão com informações em português para os interessados. A ZAV é responsável por todo o processo, fornecendo instruções e traduções da documentação necessária para ser entregue à autoridade responsável pelo reconhecimento de diplomas na Alemanha.
Os custos desse processo são assumidos pelos empregadores, e uma bolsa mensal de 500 euros (aproximadamente R$ 2.600) é oferecida aos selecionados para que possam se dedicar integralmente ao estudo do idioma. Quando atingem o nível B2, os escolhidos recebem passagens aéreas e acomodação na Alemanha até que seus diplomas sejam validados.
O salário na Alemanha pode ser cerca de cinco vezes maior do que no Brasil. Conforme o acordo, um pagamento inicial de 2.800 euros por mês (cerca de R$ 14.600), após deduções fiscais e seguro de saúde, é previsto. Contudo, há a possibilidade de aumento salarial e promoções na carreira. Outros fatores, como a experiência do profissional, plantões noturnos com adicional e os planos de carreira de cada hospital, podem aumentar ainda mais esse valor.
No Brasil, existem quase 3 milhões de profissionais de enfermagem registrados, incluindo técnicos, auxiliares e enfermeiros, com mais de 700 mil sendo enfermeiros. Esse grande número de profissionais no mercado de trabalho brasileiro é um dos motivos pelos quais os alemães recrutam enfermeiros do Brasil. No entanto, a população brasileira, com mais de 210 milhões de habitantes, é mais que o dobro da população alemã, que tem mais de 80 milhões de habitantes.
O Ministério da Saúde alemão afirmou que o Governo Federal só recruta profissionais em locais onde o treinamento é muito superior às necessidades do mercado local. O órgão também realizou estudos sobre o mercado de trabalho brasileiro antes de iniciar o recrutamento e age somente com autorização das autoridades locais.
Trabalhar na Alemanha oferece não apenas melhores perspectivas salariais, mas também a oportunidade de aprender um novo idioma. Ademais, é possível ter contato com novas práticas, tecnologias e conhecimentos.