Passados 80 dias do início do auxílio emergencial, ainda existem 8 milhões de brasileiros na fila esperando o resultado de uma análise para receber o benefício e, outras 2 milhões de pessoas dependem da reanálise feita pelo Ministério da Cidadania.
Os cálculos são da Rede Brasileira de Renda Básica. Para a Rede, a estratégia do governo é fazer parecer que o auxílio vai durar até dezembro, sem a necessidade de prorrogar as parcelas. Isso porque o pagamento da 3.ª parcela apenas será concluído em setembro para os beneficiários nascidos em dezembro.
A Rede tem a expectativa de que o governo estenda ao máximo o pagamento e que a 5.ª parcela fique para o mês de dezembro. Até o momento, o governo não explicou a forma de pagamento das duas parcelas adicionais. No entanto, o que se sabe é que a ideia do governo é dividir o repasse dentro dos dois meses adicionais.
De acordo com a diretora de relações institucionais da Rede, Paola Carvalho, as pessoas que estão em reanálise receberam a 1.ª parcela e entraram para o processo de análise novamente. No total, já são mais de 107 milhões de cadastros analisados, com 64,3 milhões de beneficiados e 43 milhões de pessoas com benefício negado.
“Muitas pessoas mudaram de condição, da primeira para a segunda análise. Muitas pessoas receberam a 1.ª parcela e, depois, foram cortadas. Mas o governo não dá transparência aos números”, afirmou ela.
A Rede entrou com uma representação no MPF (Ministério Público Federal) pedindo medidas para assegurar os direitos das pessoas mais vulneráveis que não receberam o auxílio.
O autor do projeto para estender o auxílio por mais seis meses, o deputado João Campos (PSB-PE) disse que a divisão do pagamento não é benéfica e pode ocasionar maior aglomeração nas agências bancárias.
No entanto, a área econômica avalia que a medida é para que seja feita uma transição mais suave para o fim do benefício, enquanto coloca de pé um novo programa social.
De acordo com o Ministério da Cidadania, atualmente estão em análise na Dataprev 1.572.325 cadastros realizados no aplicativo e portal da Caixa, sendo 1.364.199 do período de 17 a 30 de junho. No entanto, o ministério não detalhou os números.
“Para ser elegível é necessário atender a todos requisitos da lei. Um dos problemas que podem ocorrer, por exemplo, é a situação na qual a pessoa encontra-se desempregada recentemente, mas a informação ainda não consta nas bases de dados do Governo Federal”, afirma a nota.