O valor destinado pelo Governo Federal para os pagamentos do Auxílio Brasil mais do que dobrou em menos de um ano. Segundo as projeções do Ministério da Cidadania, os gastos com o programa social aumentaram de R$ 35 bilhões ao ano em 2021, para mais de R$ 160 bilhões em 2022. A elevação teve impacto direto no projeto.
De outubro de 2021 para agosto de 2022, o valor do programa cresceu de uma média de R$ 189 para um patamar mínimo de R$ 600 por família. Além disso, há também uma elevação no número de usuários do benefício social, que cresceu de 14 milhões para mais de 20 milhões, considerando os dados mais atuais do Governo Federal.
Nesta conta, é preciso levar em consideração a mudança no nome do projeto. Até outubro do ano passado, o programa se chamava Bolsa Família, e a partir de novembro daquele ano, passou a se chamar Auxílio Brasil. Com uma nova legislação, o Governo passou a poder gastar mais dinheiro com o benefício de transferência de renda.
Mesmo com a elevação nos gastos com o Auxílio Brasil, é preciso considerar que o poder de compra dos usuários do programa não é mais o mesmo. Diante de uma inflação alta e de uma taxa de desemprego ainda preocupante, mais pessoas estão percebendo que não podem mais comprar aquilo que compravam há alguns anos atrás.
Além disso, o número de cidadãos em situação de pobreza e de extrema-pobreza também aumentou. Hoje, se considera que a taxa de atendidos pelo Governo Federal é notadamente menor do que no período do antigo Bolsa Família. Estima-se que exista uma longa fila de espera para entrada no programa social atual.
O aumento nas liberações do Auxílio Brasil acontece justamente em ano de eleição. A PEC dos Benefícios prevê que a liberação do orçamento para o pagamento de um saldo extraordinário é válida apenas até o final deste ano.
Por esta lógica, o programa social voltaria ao seu patamar original em janeiro de 2023. A proposta de repasses confirmados apenas até pouco depois das eleições está gerando críticas de opositores do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Boa parte dos críticos afirmam que o chefe de estado só estaria pagando o aumento no valor do Auxílio Brasil para tentar conquistar votos para a sua reeleição. Oficialmente, o Governo Federal nega tal versão.
Em entrevistas recentes, o presidente Jair Bolsonaro vem tentando frear as críticas, afirmando que deve manter o valor de R$ 600 do Auxílio Brasil também para o ano de 2023. Entretanto, o presidente afirmou que a decisão também depende do Congresso Nacional.
Pré-candidatos à presidência seguem por esta mesma lógica. Lula (PT), disse que pretende manter o valor de R$ 600 caso seja eleito nas eleições deste ano. Na oportunidade, o ex-presidente disse ainda que pretende mudar o nome do programa para Bolsa Família.
Na última semana, o deputado federal André Janones (Avante) retirou a sua pré-candidatura depois de se encontrar com o ex-presidente Lula. Ambos prometeram manter o auxílio na casa dos R$ 600 caso o petista vença as eleições em outubro.