Milhões de brasileiros estão torcendo para que o Governo Federal, seja ele qual for, mantenha o Auxílio Brasil no valor de R$ 600 em 2023. Entretanto, há uma parcela específica da sociedade que não concorda com tal torcida. Nesta segunda-feira (15), o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse que o debate em torno do tema está gerando aflição no mercado.
“Vocês conhecem uma frase famosa: não existe nada mais permanente do que um programa temporário do governo. Isso é uma coisa que nos aflige. Hoje, o mercado tem uma ansiedade para entender como vai ser o fiscal do ano que vem, os programas que foram implementados, se forem continuados, como serão financiados”, disse Campos Neto.
“O debate fiscal vai ter que estar presente em 2023 de qualquer forma, independente de qualquer tipo de prognóstico em relação à política porque vai ser uma questão crucial. A gente vai caminhar em um caminho onde qualquer tipo de política vai ter que olhar para o lado da sustentabilidade da dívida e do social ao mesmo tempo e equacionar”, concluiu ele.
Oficialmente, o aumento no valor do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 só aconteceu depois que o Congresso Nacional aprovou a chamada PEC dos Benefícios. O documento libera R$ 41 bilhões para que o Governo invista nos seus benefícios sociais. O texto prevê que o aumento nos valores só serão válidos até o final deste ano.
Entretanto, nos últimos dias, membros do Governo Federal afirmam que poderão manter o saldo de R$ 600 para o programa. O presidente Jair Bolsonaro (PL), por exemplo, disse que já conversou com o Ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre o assunto. O chefe de estado disse ainda que a manutenção do valor pode ser confirmada com a aprovação de mais uma PEC no Congresso Nacional.
A declaração de Campos Neto expressava uma preocupação apenas com a possibilidade de manutenção do valor do Auxílio Brasil para 2023. Todavia, agora ele ganhou mais um motivo para se preocupar.
Horas depois desta declaração, o Ministro do Trabalho, José Carlos Oliveira, sinalizou que o Governo Federal poderá manter não apenas os pagamentos turbinados do Auxílio Brasil, mas também os repasses de outros projetos sociais como Pix Caminhoneiro e o auxilio-taxista.
“Eu não vejo problema dessa política se perpetuar. Não vejo que seja impossível disso acontecer. É claro que vai depender da situação econômica do Brasil e do mundo”, disse o Ministro em declaração ainda nesta segunda-feira (15).
“Eu vejo com bons olhos que sigamos, assim como estamos fazendo no Auxílio Brasil, com essa distribuição de renda. O que depender de mim e do nosso presidente, pode ter certeza, vamos trabalhar para que esses benefícios se perpetuem sim”, completou.
Vale lembrar que o presidente Jair Bolsonaro não é o único a sinalizar que pode manter o Auxílio turbinado em 2023. O ex-presidente Lula (PT) também vai na mesma direção, e ainda afirma que pagará um valor dobrado para as mães solo.
O ex-ministro Ciro Gomes (PDT), afirma que poderá criar um auxílio de R$ 1 mil para ainda mais pessoas já a partir de 2023. O pedetista diz que poderá cumprir a promessa ao taxar os mais ricos.