Uso correto da vírgula

Sinal gráfico que indica pausa ou ênfase

A vírgula é uma pontuação usada para separar expressões em uma frase, enfatizar e impedir ambiguidades. Portanto, seu uso vai além da pausa rítmica.

A vírgula é o sinal gráfico da gramática que possui amplas funcionalidades. Dentre os seus usos obrigatórios incluem a separação de elementos que podem ser listados; de explicações que estão no meio da frase; de adjuntos adverbiais de tempo, modo e lugar; e de orações independentes.

A vida também pode ser usada facultativamente em alguns casos e, em outros, ela jamais deve ser usada.

Usos da vírgula

Para separar elementos que podem ser listados

Exemplo:

“Márcia Lucas Júlia Pedro foram classificados no concurso”. Os nomes das pessoas poderiam ser separados em uma lista:

Foram classificados no concurso:

Márcia

Lucas

Júlia

Pedro

Isso significa que devem ser separados por vírgula na frase original:

Márcia, Lucas, Júlia e Pedro foram classificados no concurso.

Para separar o lugar, o tempo ou o modo que vier no início da frase.

Quando a frase começar com indicação de tempo, lugar ou modo deve-se iniciar a frase com a vírgula.

Exemplos:

  • Aqui dentro, a sensação térmica é de 35º.

“Aqui dentro” é uma expressão que indica “lugar”.

  • Nessa semana, o pão francês ficou mais caro.

“Nessa semana” indica tempo.

  • De um modo geral, não costumamos almoçar fora de casa.

“De um modo geral” é sinônimo de “geralmente”, adjunto adverbial de modo.

Para separar explicações que estão no meio da frase

As frases que contêm um aposto, ou seja, que possuem explicações que interrompem a frase, são consideradas como mudanças de pensamento e, por isso, devem ser separadas por vírgula.

Exemplos:

  • Rita, a professora de Português, formou-se em uma das melhores universidades do país.
  • Pedro, filho de Isaías, prestou vestibular para Psicologia e foi aprovado com distinção.

Para separar orações independentes

São consideradas como orações independentes as frases que possuem sentido, mesmo fora do texto.

Exemplos:

  • Simone gosta de cantar, mas é muito desafinada.
  • Sandra quer viajar, porém não está de férias.
  • Miguel comeu muita besteira, contudo não passou mal.

Quando a vírgula é opcional?

Em alguns casos que incluem conjunção e orações adverbiais o uso da vírgula torna-se facultativo. Como normalmente seu uso está condicionado ao sentido rítmico e da velocidade da mensagem passada, caberá ao interlocutor usar decidir se cabe ou não a vírgula na frase.

A vírgula também é facultativa quando a expressão de tempo, modo e lugar não for uma expressão, mas uma palavra só.

Exemplos:

  • Antes vamos conversar.
  • Antes, vamos conversar.
  • Geralmente almoço em casa.
  • Geralmente, almoço em casa.
  • Ontem choveu o esperado para o mês todo.
  • Ontem, choveu o esperado para o mês todo.
  • Ela acordou muito cedo. Por isso ficou com sono durante a aula.
  • Ela acordou muito cedo. Por isso, ficou com sono durante a aula.
  • Irei à praia amanhã se não chover.
  • Irei à praia amanhã, se não chover.

Contudo, deve-se atentar para o caso da conjunção aparecer intercalada na frase, o que pede vírgula.

Exemplo:

  • Maria acordou cedo. Ficou, por isso, com sono durante o dia.

A vírgula e o contexto

A depender de onde a vírgula é inserida em uma frase, ela pode mudar o sentido da oração. Com isso, as vírgulas em números matemáticos devem ser usadas com atenção redobrada.

Exemplos:

  • 23,4. / 2,34.
  • 15,5 / 1,55
  • 99,9 / 9,99

 

Quando não usar a vírgula?

Separar sujeito do predicado

Errado: ela, chegou ontem à noite.

Certo: ela chegou ontem à noite

Separar nome de complemento nominal

Errado: nada tenho a comentar relativamente, a isso.

Certo: nada tenho a comentar relativamente a isso.

Separar verbo de objeto direto

Errado: Jorge vendeu, a bicicleta.

Certo: Jorge vendeu a bicicleta.

Separar verbo de objeto indireto

Errado: Alana assiste, a todos os jogos da seleção feminina de futebol.

Certo: Alana assiste a todos os jogos da seleção feminina de futebol.

Separar nome do adjunto adnominal

Errado: eles moravam no apartamento, pequeno.

Certo: eles moravam no apartamento pequeno.

Separar oração principal da oração adjetiva restritiva

Errado: aqueles, que pegaram o livro emprestado deverão devolvê-lo.

Certo: aqueles que pegaram o livro emprestado deverão devolvê-lo.

Relembre as pontuações

Uma pontuação é um recurso da gramática que permite expressar entonação da frase por meio de sinais gráficos.

Confere ritmo ao texto, marcando pausas, ressaltando a clareza, possibilitando a coesão e coerência.

Tipos de pontuação

Ponto (.): indica que o sentido da frase está completo. Também é usado nas abreviaturas (Dr., Exa., Sr.).

Ponto e vírgula (;): representa uma pausa mais longa do que a vírgula e mais breve que o ponto.

Dois pontos (:): comunicam que um enunciado aproxima-se.

Ponto de interrogação (?): usado no final de uma pergunta.

Ponto de exclamação (!): usado no final de frase que exprime estados de espírito.

Reticências (…): podem marcar interrupção de pensamento, para indicar sentido incompleto, ou introdução de algo que virá em seguida.

Aspas (“ ”): o uso das aspas é comum para delimitar citações; fazer referência a títulos de obras e realçar uma palavra ou expressão.

Parênteses ( ): marcam uma observação ou informação nova.

Travessão (—): indica o início e o fim das falas em um diálogo. Também pode ser usado para substituir os parênteses.

Meia-risca (–) usada para separar extremidades de intervalos.

Um exemplo de como a pontuação pode mudar o sentido da frase a depender da sua colocação é no texto “A herança e a pontuação”, de autor desconhecido, conforme vê-se na transcrição abaixo.

“Deixo meus bens a minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do padeiro nada dou aos pobres”.

Afinal de contas: para quem o falecido deixou a sua fortuna? Eram quatro concorrentes, dos quais geraram várias interpretações.

  1. O sobrinho fez a seguinte pontuação:

Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

  1. A irmã chegou em seguida e pontuou assim:

Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

  1. O padeiro pediu cópia do original e puxou a brasa pra sardinha dele:

Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

  1. Então, chegaram os descamisados da cidade. Um deles, sabido, fez esta interpretação:

Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro? Nada! Dou aos pobres.

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