Conheça as linhas de um poema

O verso é composto por uma oração em uma composição poética. É o elemento que define a poesia, em oposição à prosa. O grupo de vários versos com sentido completo é denominado de estrofe.

Os versos podem dar ritmo, melodia e métrica a uma poesia podendo ser classificados de acordo com o número de sílabas métricas ou sílabas poéticas.

Veja o exemplo de versos no poema “Vou-me embora pra Pasárgada”, do escritor Manuel Bandeira:

“Vou-me embora pra Pasárgada

Lá sou amigo do rei

Lá tenho a mulher que eu quero

Na cama que escolherei”

 

A frase “Vou-me embora pra Pasárgada” é um verso, assim como “Lá tenho a mulher que eu quero” é outro verso. Essa estrofe apresenta um conjunto de quatro versos.

Tipos de Verso

De acordo com a separação de suas sílabas poéticas, os versos podem ser classificados em:

  • Monossílabo: uma sílaba poética
  • Dissílabo: duas sílabas poéticas
  • Trissílabo: três sílabas poéticas
  • Tetrassílabo: quatro sílabas poéticas
  • Pentassílabo ou Redondilha Menor: cinco sílabas poéticas
  • Hexassílabo: seis sílabas poéticas
  • Heptassílabo ou Redondilha Maior: sete sílabas poéticas
  • Octossílabo: oito sílabas poéticas
  • Eneassílabo: nove sílabas poéticas
  • Decassílabo: dez sílabas poéticas
  • Hendecassílabo: onze sílabas poéticas
  • Dodecassílabo ou Alexandrino: doze sílabas poéticas
  • Verso Bárbaro: verso com mais de doze sílabas poéticas

 

Exemplo de um verso dissílabo do poema “A valsa” do escritor Casimiro de Abreu:

 

Quem dera

As dores

De amores

Que louco

Senti!

Quem dera

Que sintas!…

— Não negues,

Não mintas…

Eu vi!…

 

Veja agora a contagem das sílabas poéticas desse poema:

 

Quem/ de/

As/ do/

De a/mo/

Que/ lou/

Sen/ti!/

Quem/ de/

Que/ sin/

— Não/ ne/

Não/ min/

Eu/ vi!/…

 

Versos Livres

Os versos livres também recebe o nome de versos irregulares. Esse tipo de verso não tem uma métrica pré-estabelecida, ou seja, não há normas. As poesias que contêm versos livres não deixam de apresentar a principal característica poética: a musicalidade.

Importante aspecto da literatura moderna e contemporânea, os escritores dos versos livres tiveram como objetivo inovar no conteúdo, rompendo os padrões clássicos de metrificação.

Veja um exemplo de versos livres no poema “Um boi vê os homens” de Carlos Drummond de Andrade:

Tão delicados (mais que um arbusto) e correm

e correm de um para outro lado, sempre esquecidos

de alguma coisa. Certamente, falta-lhes

não sei que atributo essencial, posto se apresentem nobres

e graves, por vezes. Ah, espantosamente graves,

até sinistros. Coitados, dir-se-ia não escutam

nem o canto do ar nem os segredos do feno,

como também parecem não enxergar o que é visível

e comum a cada um de nós, no espaço. E ficam tristes

e no rasto da tristeza chegam à crueldade.

Toda a expressão deles mora nos olhos — e perde-se

a um simples baixar de cílios, a uma sombra.

Nada nos pelos, nos extremos de inconcebível fragilidade,

e como neles há pouca montanha,

e que secura e que reentrâncias e que

impossibilidade de se organizarem em formas calmas,

permanentes e necessárias. Têm, talvez,

certa graça melancólica (um minuto) e com isto se fazem

perdoar a agitação incômoda e o translúcido

vazio interior que os torna tão pobres e carecidos

de emitir sons absurdos e agônicos: desejo, amor, ciúme

(que sabemos nós?), sons que se despedaçam e tombam no campo

como pedras aflitas e queimam a erva e a água,

e difícil, depois disto, é ruminarmos nossa verdade.

Versos Brancos

Os versos brancos são aqueles que apresentam métricas, mas não utilizam rima. Esse tipo de verso é utilizado na poesia romântica, moderna e contemporânea.

Veja um exemplo de verso branco, na primeira estrofe do poema “Versos Brancos” do escritor Guilherme de Almeida:

“Uma fina saudade vai varando

a quietude cansada do meu tédio.

Mas, saudade do quê? de quem?…

Os dias

são bolas de cristal, azuis, polidas,

lisas, sem uma aresta traiçoeira…”

Estrofes

É definida como estrofe cada uma das seções que formam um poema, ou seja, cada grupo de versos que podem conter rimas ou não. Dependendo do número de versos as estrofes podem ser classificadas em:

  • Monóstico: estrofe de um verso
  • Dístico: estrofe de dois versos
  • Terceto: estrofe de três versos
  • Quarteto ou Quadra: estrofe de quatro versos
  • Quintilha: estrofe de cinco versos
  • Sextilha: estrofe de seis versos
  • Septilha: estrofe de sete versos
  • Oitava: estrofe de oito versos
  • Nona: estrofe de nove versos
  • Décima: estrofe de dez versos
  • Irregulares: estrofe com mais de dez versos

 

Veja um exemplo de uma estrofe quadra do poema “Poeminho do Contra”, do escritor Mario Quintana:

Todos esses que aí estão

Atravancando meu caminho,

Eles passarão…

Eu passarinho!

 

Veja um exemplo de uma estrofe sextilha do poema “O Navio Negreiro”, do escritor Manuel Castro Alves:

Era um sonho dantesco… o tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho.

Em sangue a se banhar.

Tinir de ferros… estalar de açoite…

Legiões de homens negros como a noite,

Horrendos a dançar…

 

Metrificação

Na poesia a metrificação é usada para medir os versos. A metrificação é realizada através da escansão, que é a contagem dos sons e versos decorrentes da mudança de ritmo ou tonicidade das palavras.

Para medir um verso é necessário ficar atento as seguintes características:

  • Sinalefa: Junção de duas sílabas numa só, por elisão, crase ou sinérese.
  • Elisão: Supressão da vogal final átona quando esta estiver diante da vogal que inicia a palavra que se segue.
  • Crase: Fusão de vogais iguais.
  • Sinérese: Contração de duas vogais contíguas em um ditongo.
  • Diésere: Separação de vogais numa mesma palavra, constituindo duas sílabas distintas.
  • Hiato: Encontro de duas vogais átonas, constituindo uma única sílaba.

Veja abaixo a metrificação do poema à tempestade de Gonçalves Dias:

Nos/ úl/ti/mos/ ci/mos/ dos/ mon/tes/ er/gui/

Já/ sil/va/, já/ ru/ge/ do/ ven/to o/ pe/gão/;

Es/tor/cem/-se os/ le/ques/ dos/ ver/des/ pal/ma/,

Vol/tei/am/, re/bra/mam/, dou/de/jam/ nos/ a/,

A/té/ que/ las/ca/dos/ ba/quei/am/ no/ chão/.

Re/me/xe/-se a /co/pa/ dos/ tron/cos/ al/ti/,

Trans/tor/na/-se/, tol/da/, ba/quei/a/ tam/bém/;

E o/ ven/to/, que as/ ro/chas/ a/ba/la/ no/ ce/

Os/ tron/cos/ en/la/ça/ nas/ a/sas/ de/ fe/rro,

E a/ti/ra-os/ rai/vo/so/ dos/ mon/tes/ a/lém/.

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