Nenhuma entidade, inclusive as marcas que apreciamos, escapa à influência do racismo estrutural. Ele se manifesta quando, por exemplo, uma organização tem predominantemente funcionários brancos, ou quando não há representação de pessoas negras em posições de liderança ou em funções estratégicas.
Muitas empresas priorizam o lucro mensal em detrimento das pessoas. Assim, esse cenário faz parte do sistema social e econômico atual: quem adota práticas inclusivas obtém sucesso financeiro considerável. Portanto, não basta uma marca adotar uma imagem aparentemente engajada, se internamente perpetua o preconceito, o racismo e contribui para a desigualdade.
O Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, foi oficialmente estabelecido pela Lei nº 12.519, de 10 de novembro de 2011. Essa data remete ao falecimento de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, localizado entre os estados de Alagoas e Pernambuco, na Região Nordeste do Brasil.
Zumbi foi morto em 1695, nessa data específica, por bandeirantes liderados por Domingos Jorge Velho. Atualmente, diversas pesquisas buscam reconstruir a biografia desse importante personagem na resistência à escravidão no Brasil.
O mercado necessita de profissionais que possuam uma compreensão crítica genuína. Estes são indivíduos que enfrentam diariamente o racismo ou o preconceito e, portanto, podem ir além de discursos demagógicos.
A consequência dessa ausência de diversidade é a criação de campanhas e posicionamentos por algumas marcas e líderes que são, no mínimo, questionáveis. Mesmo proclamando serem contra o preconceito, agem de maneira racista, muitas vezes de forma velada.
Uma postura autenticamente antirracista é essencial para alcançarmos a sociedade justa que almejamos. Diante disso, apresentamos as marcas que foram (ou são) alvo de acusações por racismo, destacando a importância da vigilância.
A fabricante de produtos de limpeza enfrentou acusações de racismo em 2020 devido ao lançamento de uma esponja inox para limpeza pesada chamada “Krespinha”. A associação com cabelos crespos gerou forte reação nas redes sociais, levando a empresa a retirar o produto do catálogo online.
Não é a primeira vez que a marca lança campanhas com conotações racistas. Uma peça semelhante foi lançada em 1950, apresentando uma esponja de aço com o mesmo nome e a imagem de uma criança negra.
O Ministério da Justiça iniciou um processo administrativo contra a marca devido a uma publicidade com caráter racista e sexista em relação às mulheres negras. O slogan “é pelo corpo que se reconhece a verdadeira negra” foi utilizado para promover a Devassa Tropical Dark, com a peça publicitária apresentando a imagem de uma mulher negra hipersexualizada.
A empresa, em nota, afirmou que não comenta processos jurídicos em andamento. Ademais, reiterou o compromisso de conduzir seus negócios com respeito e ética para todos os seus públicos e consumidores. Em caso de derrota no processo, a cervejaria pode ser multada em 6 milhões de reais.
A marca de produtos de beleza Dove lançou uma imagem publicitária na qual uma modelo negra se transformava em uma modelo branca, associando isso ao suposto poder de “limpeza” de seu sabonete. Essa ação foi amplamente denunciada globalmente.
Diante da polêmica e da repercussão negativa, a Dove retirou imediatamente o anúncio do ar e emitiu um pedido de desculpas nas redes sociais, reconhecendo o erro. A empresa assumiu a responsabilidade, afirmando que a intenção era celebrar a diversidade, mas compreenderam equivocadamente, resultando em ofensas a muitas pessoas.
A Nivea lançou uma campanha em que uma mulher negra, inicialmente envolta em uma toalha, usava uma loção que prometia clarear a pele. Ela tornava, segundo a empresa, “visualmente mais clara”. A campanha não se limitou à internet e também foi exposta em outdoors.
A publicidade causou indignação nas redes sociais. A Beiersdorf, empresa proprietária da marca, emitiu um comunicado reconhecendo as preocupações levantadas, mas afirmou que a intenção não era ofender os consumidores.
A campanha não foi retirada do ar. Conquanto, a empresa destacou sua oferta diversificada de produtos para atender às diferentes necessidades de cuidados com a pele dos consumidores em todo o mundo.
A marca de roupas H&M enfrentou acusações de racismo ao divulgar uma imagem de um moletom à venda em seu site com a frase “Coolest Monkey In the Jungle” (o macaco mais legal da floresta, em português). O modelo vestindo a peça era um garoto negro, enquanto em outras peças com frases afirmativas como “eu sou o melhor”, os modelos eram brancos. O menino era a única pessoa negra na campanha.
Após a reação negativa, a H&M pediu desculpas caso tivessem ofendido alguém. Além disso, anunciou a remoção imediata das imagens de todos os canais da marca.