O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) teve a sua primeira prova aplicada neste domingo (5), e algumas questões ainda estão causando polêmica. No início desta semana, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), mais conhecida como bancada do agronegócio, pediu oficialmente a anulação de três perguntas do exame.
Segundo os deputados desta frente parlamentar, as questões teriam que ser anuladas porque são “de cunho ideológico” e “mal formuladas”.
“As perguntas são mal formuladas, de comprovação unicamente ideológica e permite que o aluno marque qualquer resposta, dependendo do seu ponto de vista”, diz a bancada, em nota.
Uma das questões que causaram polêmica no Enem criticava a “lógica do agronegócio” no Cerrado, e tratou de forma negativa a “propriedade privada” na região. Entre outros pontos, o texto apresentado diz que “o modelo capitalista subordina homens e mulheres à lógica do mercado”.
Leia as questões na íntegra:
“No Cerrado, o conhecimento local está sendo cada vez mais subordinado à lógica do agronegócio. De um lado, o capital impõe os conhecimentos biotecnológicos, como mecanismo de universalização de práticas agrícolas e de novas tecnologias, e de outro, o modelo capitalista subordina homens e mulheres à lógica do mercado. Assim, as águas, as sementes, os minerais, as terras (bens comuns) tornam-se propriedade privada. Além do mais, há outros fatores negativos, como a mecanização pesada, a “pragatização” dos seres humanos e não humanos, a violência simbólica, a superexploração, as chuvas de veneno e a violência contra a pessoa”.
Os elementos descritos no texto, a respeito territorialização da produção, demonstram que há um:
a) cerco aos camponeses, inviabilizando a manutenção das condições para a vida.
b) descaso aos latifundiários, impactando a plantação de alimentos para a exportação.
c) desprezo ao assalariado, afetando o engajamento dos sindicatos para com o trabalhador.
d) desrespeito aos governantes, comprometendo a criação de empregos para o lavrador.
e) assédio ao empresariado, dificultando o investimento de maquinários para a produção.”
Segundo o gabarito não oficial, a resposta para esta questão é a letra A.
“Alternativas logísticas estão servindo de instrumentos que ativam os mercados espetaculares de terras nas diferentes regiões da Amazônia e constituem em indicadores utilizados por diferentes atores para defender ou denuciar o avanço da cultura da soja na região e, com ela, a retomada do desmatamento. É evidente que o crescimento do desmatamento tem a ver também com a expansão da soja, porém atribui a ela o fator principal parece não totalmente correto. Parto da compreensão central de que a lógica que gera o desmatamento está articulada pelo tripé grileiros, madeireiros e pecuaristas.
A questão pede ao estudante que identifique qual problema central é desencadeado na situação descrita, na visão do autor, por uma das seguintes opções:
– apropriação de áreas devolutas;
– sonegração de impostos federais;
– incorporação de exportação ilegal;
– desoneração de setores produtivos;
– flexibilização de legislação ambiental.”
O gabarito não oficial indica que a resposta para esta questão é a letra A.
“Por hora, apenas os mais abastados poderão sonhar em viajar ao espaço, seja por um foguete ou por um avião híbrido, mas toda a população global poderá sentir os efeitos dessas viagens e avanços tecnológicos. Para uma aventura dessas, as empresas tiveram que criar novas tecnologias que podem, em algum momento, voltar para a sociedade. A câmera fotográfica, hoje comum no mundo, antes foi uma invenção para ser usada em telescópios, e o titânio, usado até na medicina, foi desenvolvido para a construção de foguetes
Os textos apresentam perspectivas da nova corrida espacial que revelam, respectivamente: a) Dependência e progresso.
b) Expectativa e desconfiança.
c) Angústia e adaptação.
d) Pioneirismo e retrocesso.
e) Receio e civilidade.”
O gabarito não oficial indica que a resposta para esta questão é a letra B.
Ao menos até a publicação deste artigo no final da tarde desta segunda-feira (6), o Ministério da Educação não tinha se pronunciado sobre a possibilidade de anulação destas questões do Enem deste ano.