Arcadismo no Brasil ou Neoclassicismo foi uma escola literária que surgiu no século XVIII através da publicação de “Obras Poéticas” de Cláudio Manuel da Costa e marcado também pela fundação da Arcádia Ultramarina, uma sociedade literária em Vila Rica (MG) influenciada pela Arcádia Italiana, cujos membros faziam uso dos pseudônimos.
O arcadismo no Brasil foi um movimento posterior ao barroco e anterior ao romantismo. A origem da palavra “arcadismo” vem de “arcádia”, uma cidade antiga na região sul da Grécia Antiga onde viviam poetas e pastores antigos que, segundo eles, eram um lugar perfeito, ótimo para viver, quase um paraíso.
Neoclassicismo, “neo” significa “novo” e “classicismo” vem de “clássico”. Então é o “novo clássico” em que os poetas usaram expressões em latim e, muitas vezes, referências da mitologia grega.
O arcadismo foi a arte, a estética que representava ideologicamente as ideias do movimento iluminista, movimento racionalista que influenciou profundamente a literatura brasileira. Na Europa o arcadismo surgiu em um momento de ascensão da população burguesa, dos valores religiosos, sociais e políticos.
Já o arcadismo no Brasil buscava estabelecer a vida simples, a racionalidade. Ou seja, os autores árcades buscavam a comunhão com a natureza, onde não havia subjetividade, mas sim objetividade.
O arcadismo no Brasil foi um movimento que tinha como características a simplicidade, o apego à natureza, o retorno as características clássicas, o bucolismo, o pastoralismo e os termos em latim.
Vela alguns exemplos de expressões características do arcadismo no Brasil:
O arcadismo no Brasil foi dividido em dois momentos de produção: épico e lírico. O épico foi marcado por Basílio da Gama com a famosa obra “O Uraguai” e Frei Santa Rita Durão com a obra “Caramuru”.
O lírico foi marcado por autores como Cláudio Manuel da Costa com seus sonetos e poemas e Tomás Antônio Gonzaga com os épicos poemas “Marília de Dirceu” e “Cartas Chilenas”.
De pseudônimo “Termindo Sipílio” , suas obras abordavam as lutas entre os europeus, os índios e os jesuítas. Poeta luso-brasileiro, Basílio da Gama nasceu em 1747 e faleceu no ano de 1795 aos 54 anos.
Escreveu obras como Os Campos Elíseos (1776), Epitalâmio às núpcias da Sra. D. Maria Amália (1769), Relação abreviada da República e Lenitivo da saudade (1788), A declamação trágica (1772) e Quitúbia (1791).
Formada por cinco cantos em rimas brancas (sem rima) e sem estrofação, “O Uraguai” é a principal obra do autor.
Poeta, orador e religioso agostiniano, Frei Santa Rita Durão nasceu em 1722 e faleceu em 1784 aos 62 anos. Sua principal obra é o poema “Caramuru” que tem como tema os habitantes nativos, os índios brasileiros. Sua escrita é influenciada pelo estilo Luis de Camões.
Frei Santa Rita Durão foi considerado um dos precursores do indianismo no Brasil e seguia o modelo tradicional da epopeia: proposição, invocação, dedicatória, narração e epilogo. Além de “Caramuru” escreveu também “Pro anmia studiorum instauratione oratio” (1778).
Poeta, minerador, advogado e jurista brasileiro, Cláudio Manuel da Costa foi o precursor do arcadismo no Brasil, com “Obras Poéticas”. Ele nasceu em 1729 e se matou na cadeia onde estava preso por ser membro participante da Inconfidência Mineira com Tiradentes. Foi autor de obras como Villa Rica em 1773, Culto Métrico (1749), Munúsculo Métrico (1751), Epicédio (1753), O Parnaso Obsequioso e Poesias Manuscritas (1779).
Suas obras eram voltadas com temáticas pastoril, elementos locais, descrição de paisagens, além de expressar fortemente um sentimento de nacionalismo.
Poeta, jurista, político ativo e membro da Inconfidência Mineira. Tomás Antônio Gonzaga foi considerado o precursor do movimento que conspirou a separação do Brasil com Portugal no período do arcadismo no Brasil. Nasceu em 1744 e faleceu em 1810 aos 66 anos de idade.
Ele usava o nome “Dirceu” como pseudônimo. Sua principal obra “Marilia de Dirceu” é carregada de lirismo e baseada em seu romance com Maria Doroteia Joaquina de Seixas. Na obra, Dirceu se apaixona por sua pastora idealizada: Marília.
O arcadismo no Brasil surgiu no país em momento bastante complicado, pois era constantemente explorado pela Coroa Portuguesa. Além disso, emergiu em dois momentos muito importantes – o Ciclo da Mineração e a Inconfidência Mineira – enquanto que na mesma época, acontecia a Revolução Francesa (1789), Revolução Industrial e a Independência dos Estados Unidos.
O Ciclo da Mineração foi o período em que a Coroa Portuguesa descobriu ouro na região sudeste, especificamente em Minas Gerais, e passou a explorar esse ouro, contudo após um ápice o ciclo da mineração começa a decair e Portugal passa a cobrar impostos do Brasil.
Quando a Coroa passou a extorquir o país através dos impostos, começou então o surgimento de ideias revolucionárias, movimentos sociais para lutar contra esse domínio português.
A Inconfidência Mineira, também conhecida como Conjuração Mineira foi um movimento social que lutou em busca da liberdade do povo brasileiro, em prol da separação do país com Portugal. Por isso que tanto o Ciclo da Mineração quanto a Inconfidência Mineira foram importantíssimos no arcadismo no Brasil.