O governo do Rio de Janeiro confirmou que irá recorrer da decisão do Supremo Tribunal Federal que suspendeu o concurso da Polícia Militar do estado do Rio de Janeiro (PMERJ).
Em nota, o governo fluminense informou que irá acionar a Procuradoria Geral do Estado (PGE) para que seja realizada a defesa da corporação.
“O comando da corporação está repassando informações à Procuradoria Geral do Estado (PGE), órgão competente, para fazer a defesa do Estado junto à Justiça”, informou a Assessoria de Imprensa do governo.
A decisão de suspender o concurso veio do ministro Cristiano Zanin. De acordo com o magistrado, o concurso foi suspenso por restringir vagas para mulheres.
O ministro acatou a ação da Procuradoria Geral da República (PGR) que argumenta contra a reserva de 10% das vagas para as mulheres. Nesse caso, das 2 mil vagas oferecidas, apenas 200 eram destinadas às mulheres, o que, na visão do ministro, é inconstitucional.
“O percentual de 10% reservado às candidatas do sexo feminino parece afrontar os ditames constitucionais quanto à igualdade de gênero”, disse o ministro.
Clique aqui para ler a decisão do ministro na íntegra.
Com isso, a PMERJ fica impedida de realizar uma nova prova até que seja divulgada a decisão final do STF.
Antes mesmo de ser suspenso pelo STF, o concurso PMERJ já havia sido oficialmente anulado após publicação no Diário Oficial do Estado.
A anulação veio após as denúncias de fraude no dia da prova objetiva. Vale lembrar que a primeira etapa do certame consistia nas provas objetiva e discursiva, ambas aplicadas no dia 27 de agosto.
A anulação foi publicada após a oficialização do termo de rescisão do contrato entre a PMERJ e o IBADE, banca responsável pela organização do concurso público.
O concurso foi anulado após inúmeras denúncias de irregularidades e fraudes, como uso de celular na sala de prova, atraso no fechamento dos portões e fiscais despreparados.
Com a anulação e a rescisão publicada, a PMERJ já pode iniciar o processo licitatório para contratação de uma nova banca para, assim, dar continuidade ao certame.
De acordo com o próprio governo do Rio de Janeiro serão realizadas novas provas para ingresso na PM, uma vez que a prova anterior foi cercada por denúncias de fraudes, tornando o processo desigual entre os candidatos.
No entanto, até o momento a nova data não foi divulgada, mas a expectativa do próprio governo é que as provas sejam realizadas ainda neste ano.
Especula-se também que a Fundação Getúlio Vargas será a nova banca responsável pelo concurso, mas a informação ainda não foi confirmada.
O governador do estado, Cláudio Castro, mandou anular o certame após as denúncias e as prisões realizadas durante a aplicação da prova.
“Contratamos uma empresa para realizar um concurso e o que vimos no último fim de semana é inadmissível. Diante do que foi amplamente mostrado nas redes sociais, e em respeito aos candidatos que agiram corretamente, não me resta alternativa que não seja cancelar a prova objetiva”, explicou o governador.
A banca não se pronunciou sobre a anulação das provas. No site, o IBADE informa apenas que “todos os candidatos que deixaram de cumprir as normas dispostas no Edital de abertura do Concurso Público serão devidamente eliminados do Certame”.
Vale citar que a segunda etapa do concurso, a prova discursiva, prevista para ser realizada no dia 29 de outubro, também foi suspensa. Portanto, os candidatos devem agora aguardar até que a nova banca seja contratada e um novo cronograma seja divulgado.
O concurso público para a PMERJ, a principio, contaria com as seguintes etapas:
Os candidatos foram avaliados por meio de 50 questões de múltipla escolha sobre os seguintes temas:
Para ser considerado aprovado no certame, o candidato deverá obter 60% de aproveitamento na prova objetiva e alcançar, no mínimo, 50 pontos na prova discursiva, além de não poder zerar em nenhuma disciplina.
A classificação definitiva dos candidatos aprovados nas duas primeiras etapas estava prevista para o dia 17 de janeiro de 2024.
Após a corporação romper o contrato com a banca, o IBADE se manifestou alegando que a decisão viola o direito de ampla defesa.
A banca emitiu nota de repúdio dizendo que ocorreram “violações aos preceitos constitucionais da ampla defesa e consequentemente do devido processo legal”.
Ainda, em nota, o IBADE diz que irá levar o caso ao Ministério Público de modo a garantir a manutenção das provas realizadas e, assim, garantir o direito dos candidatos que já realizaram o exame.
“Não há qualquer indício, quanto mais materialidade, que legitime a anulação da mesma”, informou a banca.
A notícia de rompimento do contrato foi divulgada nessa segunda-feira, 16 de outubro.
A decisão foi tomada pelo secretário da PMERJ, coronel Luiz Henrique Marinho, após a conclusão do relatório final do Processo Administrativo Sancionatório (PAS).
Com isso, a banca receberá punições e multa conforme descrito a seguir:
O IBADE será punido conforme segue:
Vale lembrar que a PMERJ notificou o IBADE diversas vezes, mas não obteve retorno satisfatório.
A Operação Aqui Não deflagrada pela Polícia Militar do Rio de Janeiro prendeu 20 pessoas durante a aplicação da prova realizada no domingo.
Ao todo, foram cumpridos 19 mandatos de prisão e uma prisão em flagrante por falsidade ideológica de um ex-cabo da PM expulso da corporação em 2016 por tentativa de homicídio.
Além das prisões, também foram relatadas diversas denúncias de candidatos pelas redes sociais alegando o uso de celulares dentro das salas onde estavam sendo realizadas as provas.
De acordo com alguns candidatos “não havia saquinho para lacrar”, nem “detector de metal” disponível no local para armazenar o celular durante a prova.
Também foi denunciada a falta de fiscais de sala e o atraso na aplicação das provas.
A PMERJ notificou o IBADE solicitando esclarecimentos sobre os fatos denunciados.
“A corporação, após ter ciência dos fatos por meio publicações de candidatos nas redes sociais e denúncias divulgadas pelos veículos de comunicação, notificou, na data desta segunda-feira (28/08), a empresa IBADE a responder dentro do prazo de 24h, às supostas irregularidades relatadas. Cabe ressaltar que após a análise do relatório que será apresentado pela empresa dentro do prazo definido no contrato de realização do concurso, a Secretaria de Estado de Polícia Militar tomará as medidas cabíveis com relação ao certame”, explicou a PMERJ em nota divulgada à imprensa.
Quase 120 mil pessoas se inscreveram para o concurso público da PMERJ.
Ao todo, 119.599 candidatos irão disputar uma das 2.000 vagas ofertadas para o cargo de soldado.
Os números foram divulgados pelo IBADE, banca responsável pela organização do concurso.
Do total de candidaturas registradas, 88.461 são do sexo masculino e outras 31.138 do sexo feminino.
Com isso, a concorrência registrada por vaga é alta. Para o sexo masculino são oferecidas 1.800 vagas, o que representa uma concorrência de 49,14 candidatos por vaga. Já para o sexo feminino são ofertadas apenas 200 vagas, o que torna a concorrência ainda maior, com cerca de 155 candidatos em busca da mesma oportunidade.
Para participar do concurso é necessário que o candidato tenha nível médio completo. Fora isso, também é necessário que o candidato seja brasileiro, tenha idade mínima de 18 anos e máxima de 32.
Outro requisito importante é que o candidato tenha estatura mínima, descalço e descoberto, de:
Outros requisitos exigidos que constam no edital são:
Ao todo, a PMERJ oferece 2.000 vagas para contratação imediata para candidatos do sexo feminino e masculino, distribuídas da seguinte maneira:
O salário inicial oferecido pela PMERJ ao aluno do curso de formação é de R$ 2.956,41 mensais. Após o curso, o salário do soldado em inicio de carreira passa a ser de R$ 5.233,88.
Além da remuneração mensal, o candidato aprovado ainda tem direito aos seguintes benefícios:
Clique aqui para ler o edital na íntegra e conferir maiores informações sobre o concurso PMERJ.