Em uma recente medida de segurança, divulgada no último dia 22, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) suspendeu a comercialização do produto Chá Emagrecedor Forte. Este artigo visa explorar o contexto e as implicações dessa decisão.
Originário de uma empresa desconhecida, o Chá Emagrecedor Forte alegava proporcionar emagrecimento sem dieta, utilizando uma mistura de 37 ervas diferentes.
A suspensão do produto foi publicada na RESOLUÇÃO-RE Nº 3.105, DE 17 DE AGOSTO DE 2023, D.O.U. de 18/08/2023. A decisão veio após uma série de irregularidades serem identificadas na comercialização e fabricação do chá.
A ANVISA suspendeu o produto devido a vários fatores, incluindo:
A decisão da ANVISA de suspender a comercialização do Chá Emagrecedor Forte teve várias repercussões.
Para os consumidores, esta decisão serve como um lembrete da importância de verificar a origem e a composição dos produtos antes de consumi-los.
A ANVISA recomenda que os consumidores sempre verifiquem a legitimidade dos produtos antes de adquiri-los. Os produtos devem ter uma identificação clara do fabricante e uma composição autorizada e regular.
A promessa de perda de peso rápida por meio de “produtos naturais” atrai muitas pessoas a utilizarem fórmulas e chás para eliminar quilos extras. No entanto, sem uma prescrição médica ou supervisão adequada, muitos colocam a própria vida em perigo.
No universo dos produtos emagrecedores, o chá emagrecedor tem ganhado popularidade, mas nem todos conhecem os riscos associados ao seu consumo excessivo e descontrolado.
Contrariando o que muitos acreditam, nenhum medicamento ou substância tem a capacidade de acelerar o processo de emagrecimento. Para o corpo humano, não é natural perder gordura de forma rápida.
Hepatite, dependência química, efeito sanfona, alterações gastrointestinais, cardíacas e renais são alguns dos problemas relacionados ao uso desses artifícios em excesso, sem orientação médica ou supervisão profissional.
As misturas preparadas para cápsulas e chás são muito perigosas. Uma típica fórmula de chá ou cápsulas para o emagrecimento contém de 5 a 15 componentes, o que pode causar interação medicamentosa. Além disso, não se sabe exatamente o conteúdo dos produtos vendidos, seu princípio ativo ou se a planta é tóxica para o organismo.
Sob a capa de serem produtos “naturais”, muitos desses produtos misturam diversas substâncias que podem ser nocivas. Algumas delas incluem:
Essa classe de substâncias, como o femproporex e a dietilpropiona, age no sistema nervoso central para diminuir o apetite, mas também provoca agitação psicomotora, insônia, irritação, nervosismo, ansiedade, náuseas, entre outros sintomas desagradáveis.
Esses hormônios ajudariam “tireoides preguiçosas” a trabalharem, mas o consumo pode causar hipertireoidismo, e também perda de massa muscular, osteoporose e queda de cabelo.
Eles são utilizados com a finalidade de aumentar o volume de urina, dando a sensação de que o indivíduo está apenas perdendo líquidos retidos, quando também ocorre a perda de eletrolitos como potássio, sódio e magnésio, além de água. O excesso de diuréticos pode causar desidratação, redução da pressão arterial e arritmia cardíaca.
O chá-verde, encontrado encapsulado com as folhas e o talo – produto amplamente utilizado para emagrecimento, de maneira indiscriminada -, pode causar lesão grave no fígado, sobretudo em mulheres. Isso acontece porque a catequina, princípio ativo do chá, pode ser encontrada com concentração de 500 a mil vezes maior nas cápsulas. O problema é que o fígado não tem capacidade de metabolizar toda essa quantidade de catequina, e o excesso da substância agride o órgão.
Em geral, o fígado é o órgão que mais sofre com a toxicidade desses produtos. Ele é o responsável por metabolizar a maior parte dos medicamentos e suplementos em compostos que podem ser usados pelo nosso organismo, através de processos de depuração, fatoração, acetilação e micronização.
É durante esse processo que ocorrem, também, as possíveis interações medicamentosas entre duas ou mais drogas ou entre drogas e fitoterápicos, que podem causar danos ao fígado.
Cada pessoa metaboliza as substâncias de forma diferente. Isso quer dizer que uma pessoa pode metabolizar determinada droga mais rapidamente do que outra e, por isso, não sofrer nenhum dano, enquanto outra pessoa pode fazer uso do mesmo produto, na mesma quantidade, e desenvolver um problema grave.
A toxicidade é individual. Por isso, toda prescrição médica é baseada em risco e benefício. E, ao contrário do que muitos dos fabricantes dessas misturas alegam, não há droga, suplemento ou chá que seja completamente inofensivo.
Assim como qualquer outro medicamento, os remédios, chás e suplementos que prometem emagrecimento não devem ser tomados por conta própria. Primeiro, porque não há fórmula mágica para emagrecer. Segundo, porque o processo é complexo, e envolve mudanças de hábitos e no estilo de vida. O recomendado é que o processo de emagrecimento seja acompanhado por essas mudanças, além do orientado por endocrinologista e nutricionista.