A ambiguidade faz parte das figuras de linguagem, e também é conhecida como anfibologia. Derivada do termo latino “ambiguitas”, que significa “equívoco”, “incerteza”, ela é considerada um vício de linguagem, ainda mais quando dita sem a intenção de dizer.
Outra origem para a palavra é “amphibolia”. O termo grego referente ao seu sinônimo anfibologia, significa “duplicidade de sentido”.
Em um texto, é importante que o conteúdo seja claro e objetivo, para que o leitor consiga entender o que está sendo dito. Quando os elementos do texto, sejam eles o verbo, os pronomes, os adjetivos, estão colocados de maneira errada, essa compreensão pode ser comprometida.
A ambiguidade existe quando acontece uma duplicidade de sentido nas frases ou palavras que compõem o texto. Se essa frase ou palavra for interpretada de maneira errada, pode causar confusão no entendimento final.
Portanto, entende-se que a ambiguidade é o duplo sentido dentro da frase. Ela pode ser utilizada em poemas, músicas, propagandas publicitárias e nas obras literárias que se baseiam na fala, independente da sua dupla interpretação.
Dentro da frase a ambiguidade pode aparecer de diversas maneiras, por conta da sua versatilidade. Quanto ao seu tipo, ela pode ser sintática ou lexical. Entenda:
Ambiguidade sintática: acontece quando são feitas várias interpretações de uma única oração. Isso ocorre porque ela também é ligada à sintaxe.
Exemplos:
Soube do emprego novo de Janaína no restaurante.
A frase pode ter dois significados. Um é o de que Janaína conseguiu um novo emprego em um restaurante. A outra é que o sujeito soube do novo emprego de Janaína enquanto estava no restaurante.
O policial prendeu o bandido em sua casa.
Na frase acima, o leitor pode entender que o policial prendeu o bandido em sua própria casa, ou que prendeu o bandido na casa dele. Fica então a dúvida: na casa do policial ou na casa do bandido?
– Ambiguidade lexical: nesse caso, a ambiguidade está em uma palavra que possui vários sentidos. Dentro da frase podemos encontrar uma palavra que tenha mais de um significado.
Exemplos:
Ficamos sem rede ontem pela tarde.
A palavra “rede” pode se referir à rede de internet, rede elétrica, rede de computadores, ou à rede de deitar.
Eu e Maria combinamos de nos encontrar ao lado do banco.
O termo “banco” pode estar se referindo ao banco de se sentar, ou à instituição financeira banco.
Muito vista em campanhas publicitárias, a ambiguidade normalmente é encontrada também nas poesias, poemas e músicas. Veja alguns exemplos:
– Ambiguidade na publicidade: a marca de chocolates Garoto, fez a seguinte campanha para o dia dos namorados:
“No dia dos namorados não fique sem seu garoto”.
A princípio, parece que o texto que quer dizer “não fique sem um namorado”, mas ela se refere à marca Garoto.
“Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa”
Trecho da música “Cálice”, de Chico Buarque e Gilberto Gil. Ela é um clássico da Música Popular Brasileira, pois foi censurada, por conta da Ditadura Militar no Brasil. A ambiguidade está presente no termo “Cálice”, repetido diversas vezes ao longo da música, e que na verdade se referia à “cale-se”, de se calar, ficar mudo, já que eles não podiam se manifestar explicitamente sobre o momento político do país.
“Orion
A primeira namorada, tão alta
Que o beijo não a alcançava,
O pescoço não a alcançava,
Nem mesmo a voz a alcançava.
Eram quilômetros de silêncio.
Luzia na janela do sobrado.”
Observa-se que no poema de Carlos Drummond de Andrade, de 1992 o duplo sentido está quando ele diz “Luzia na janela do sobrado”. O termo “Luzia” pode estar se referindo ao sentido de luzir, dar luz, como pode ser simplesmente o nome da sua amada, Luzia.
Para que as frases do português ganhem mais expressão e significado, são utilizadas as figuras de linguagem. Elas costumam expor pensamentos que são colocados nas frases sem mostrar o sentido literal do termo dito.
As figuras de linguagem podem aparecer no texto de três maneiras:
As figuras de linguagem ainda são divididas em: metáfora, hipérbole, eufemismo, ironia, elipse, zeugma, comparação, metonímia, antítese, paradoxo, prosopopeia, pleonasmo, anáfora, sinestesia, gradação, aliteração, polissíndeto, assíndeto e onomatopeia. Conheça um pouco mais sobre algumas delas:
A metáfora é geralmente utilizada na substituição de termos que possuem significados diferentes, atribuindo a eles o mesmo sentido.
“Os filhos de Carla são dois anjos.”
No exemplo, a palavra “anjos” não diz respeito ao ser celestial, com asas e que toca arpa. Ela é usada para dizer que os filhos de Carla se comportam como anjos, ou seja, são crianças educadas, boazinhas.
Essa figura de linguagem é utilizada na nomeação de algo que não possui um nome específico. Alguns exemplos são: “Céu da boca”, “manga da camisa”, “perna da mesa”.
No eufemismo troca-se um termo comum por outro mais “leve”. A ideia é deixar a frase mais agradável. Um exemplo sempre utilizado é quando acontece uma morte. São procurados outros termos para darem a notícia, como “partiu dessa para uma melhor”, “foi para o céu”, ou “está descansando”.
No paradoxo não existe muito nexo. A palavra se refere a algo contrário do que foi dito, como em “Márcia vive sonhando acordada”, ou “Antônio é um pobre homem rico”.