O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu novamente a taxa básica de juros da economia brasileira. Nesta quarta-feira (20), o comitê anunciou uma redução de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, que passou de 13,25% para 12,75% ao ano.
A decisão veio em linha com as estimativas do mercado, que esperava por uma redução de 0,50 ponto percentual (p.p.). Aliás, a decisão foi unânime, com todos os diretores do Copom votando a favor da redução.
Essa decisão foi completamente diferente do observado na última reunião do Comitê, quando quatro diretores votaram a favor de uma redução de 0,25 p.p., enquanto outros quatro se mostraram favoráveis a um corte de 0,50 p.p.
Nesse caso, coube ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, dar o voto de desempate e decidir o tamanho do corte. Para surpresa do mercado, Campos Neto escolheu a redução mais forte, acima das projeções dos analistas, cujo consenso indicava uma queda de 0,25 p.p. na taxa de juros.
Em comunicado divulgado após a reunião do Copom, que teve início na terça-feira (19), o comitê informou que a redução dos juros foi “compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau menor, o de 2025″, diz o texto.
Além disso, o Copom revelou que os membros do comitê acreditam que a próxima reunião deverá promover um novo corte de 0,5 p.p., assim como ocorreu nos dois últimos encontros do comitê. C0ntudo, o Copom garantiu que a decisão continuará sendo tomada com “serenidade”.
“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário“, informa o comunicado.
Os diretores do Copom avaliam que a execução das metas fiscais estabelecidas pelo governo federal pode ajudar a reduzir as expectativas em relação à inflação. Caso isso se confirme, o comitê acredita que essa política monetária contracionista será suficiente para os próximos meses no Brasil.
Cabe salientar que esse foi o segundo corte seguido da taxa de juros no Brasil. Antes destas reduções, a taxa Selic, que corresponde ao juro básico da economia brasileira, estavaem 13,75% ao ano, maior patamar desde novembro de 2016, ou seja, em quase sete anos. À época, a taxa Selic estava em 14,00% ao ano, levemente acima do nível observado até o início de agosto deste ano.
A decisão do BC em reduzir novamente a Selic é muito positiva para a população, pois os juros mais baixos fortalecem o consumo no país. Por outro lado, quando os juros sobem, o poder de compra dos consumidores encolhe.
Cabe salientar que, antes destas duas reduções, a última vez em que o BC havia reduzido a taxa Selic foi em agosto de 2020, quando a taxa de juros caiu de 2,25% para 2% ao ano. Depois disso, o Copom elevou os juros por 12 vezes consecutivas os juros no país. Esse foi o maior ciclo de alta, que começou devido ao encarecimento dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis.
Então, entre setembro de 2022 e junho de 2023, o comitê manteve a taxa Selic estável, totalizando sete reuniões de estabilidade dos juros no maior patamar dos últimos anos.
Em 2020, a pandemia da Covid-19 afundou a economia global. Para tentar impulsionar a atividade econômica brasileira, o Copom reduziu a Selic para 2,00% ao ano em agosto daquele ano, mantendo a taxa assim até março de 2021.
A saber, a crise sanitária afetou a cadeia produtiva global de diversos setores, e isso fez os preços de bens e serviços dispararem em 2021 devido a forte demanda. Por isso, o Copom mudou a tática e passou a elevar repetidas vezes a Selic entre 2021 e 2022.
Em síntese, a Selic é o principal instrumento do BC para conter a alta dos preços de bens e serviços. Quanto mais alta ela estiver, mais altos ficarão os juros no país. Assim, o crédito fica mais caro, reduzindo o poder de compra do consumidor e desaquecendo a economia.
Como a inflação perdeu força em 2022, o Copom decidiu interromper a sequência de altas e manteve a taxa Selic estável. Agora, em 2023, como a inflação está desacelerando ainda mais, o Banco Central promoveu o primeiro corte nos juros em três anos.