O uso de ferramentas de inteligência artificial (IA) para criar conteúdo ganhou destaque recentemente com o ChatGPT, uma IA desenvolvida pela OpenAI com a intenção de ajudar pessoas a criarem conteúdo, de textos até códigos para programas de computador. Seu uso, no entanto, tem gerado polêmica sobre a ética ao usá-lo, já que há casos de estudantes usando o site para fazer trabalhos escolares e até pessoas “escrevendo” livros com ele.
Na visão de Rodrigo Gimenes, profissional com 16 anos de experiência no setor tech e CTO do Grupo Reportflex, existem preocupações quanto à ética e precisão da geração de conteúdo por IA. Isso porque algumas ferramentas produzem notícias falsas ou enganosas, o que pode ter consequências graves para a sociedade, incluindo manipulação da opinião pública.
Ele destaca que essas ferramentas de IA estão sendo aperfeiçoadas rapidamente, com o intuito de oferecer uma alternativa rápida e econômica para a produção de conteúdo. “No entanto, devem ser usadas com responsabilidade e ética, para garantir a precisão e credibilidade da informação”, diz Gimenes, em texto encaminhado à imprensa.
Contudo, a introdução dessa tecnologia também pode trazer muitas vantagens para a sociedade. Na visão do especialista, os robôs podem aumentar a eficiência e a produtividade, e serem programados para realizar tarefas desagradáveis ou repetitivas que os humanos não desejam fazer, liberando tempo para que os profissionais possam se concentrar em tarefas mais criativas e significativas.
Rodrigo Gimenes garante que sim, as ferramentas de IA são confiáveis. “Plataformas baseadas em IA são confiáveis porque são alimentadas com enormes quantidades de dados e projetadas para aprender continuamente. No entanto, é importante lembrar que elas são tão precisas quanto os dados que recebem e que não possuem julgamento moral”.
Essa questão é importante para evitar erros graves. Um estudo do Instituto de Tecnologia da Geórgia, nos Estados Unidos, e das Universidades de Johns Hopkins e de Washington, mostrou que inteligências artificiais podem fazer com que robôs tomem decisões racistas e sexistas.
Utilizando blocos com rostos de seres humanos com variações étnicas e de gênero, os pesquisadores pediram para um robô que funciona a base de IA para separar pessoas por categorias de criminosos e por profissões. No caso do primeiro, rostos de homens negros eram escolhidos cerca de 10% mais vezes que as outras opções. Já as mulheres eram menos propensas a serem selecionadas como médicas.
“A geração de conteúdo por IA está sendo aperfeiçoada para tornar os resultados mais precisos e humanos”, diz Gimenes, que também desenvolve sua própria IA. “Isso inclui a incorporação de informações contextuais, como o tom e o estilo de escrita, para produzir resultados mais coerentes. As ferramentas também estão sendo treinadas com enormes quantidades de dados para aprender e reproduzir o estilo de escrita de jornalistas famosos”, revela Gimenes.
Por isso, é preciso parcimônia no seu uso. No contexto corporativo, por exemplo, a tecnologia entra como braço direito na operação de empresas gerando conteúdos em segundos para redes sociais, sites e blogs, sugerindo pautas para o empreendedor abordar em anúncios, vídeos, artigos e postagens, mapeando o público-alvo e gerando economia de tempo ao passo em que melhora a performance on-line do negócio.
“A ferramenta de IA ajuda a criar conteúdo de alta qualidade em questão de segundos, economizando tempo e esforço por parte do empresário. Pode ser usada para analisar informações sobre o mercado, dados de comportamento do consumidor, identificar padrões e tendências, ajudando a guiar as decisões estratégicas da empresa”, exemplifica Gimenes.
O especialista ressalta que outra vantagem da IA que gera conteúdo é sua capacidade de criar conteúdo personalizado e relevante para diferentes públicos-alvo. “Isso significa que os empresários podem se conectar de maneira mais eficaz com seus clientes e potenciais clientes, aumentando as chances de conversão”, diz.
Mas ele ressalta a questão da IA afetar empregos. “Como a tecnologia continua a evoluir, é importante que as empresas e a sociedade tomem medidas para garantir que os trabalhadores humanos sejam protegidos. Isso pode incluir a capacitação para habilidades novas e relevantes, bem como a criação de novos postos de trabalho”, pondera o especialista.