Nos últimos anos, a indústria da saúde tem enfrentado uma crescente ameaça de ciberataques, com criminosos invadindo sistemas e sequestrando dados sensíveis de pacientes e instituições médicas. O Brasil é um dos países mais expostos a esse tipo de ataque, como revela o estudo apresentado pela Apura Cyber Intelligence, empresa especializada em segurança cibernética e apuração em meios digitais.
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Apenas no primeiro semestre de 2023, em todo o mundo, 10,9% dos ciberataques foram direcionados para o setor, mas no Brasil a porcentagem foi ainda maior e já chegou a 12%. Isso coloca, inclusive, em risco tanto o cuidado quanto a segurança do paciente, deixando todo o setor vulnerável.
A indústria da saúde é um alvo primário para os criminosos cibernéticos devido à natureza sensível dos dados que ela lida. Os registros de pacientes contêm informações pessoais, históricos médicos e planos de tratamento, tornando-os muito valiosos no mercado do cibercrime, como lembra a Apura.
Outro problema é que os ataques cibernéticos podem interromper os serviços médicos, causando atrasos ou cancelamentos de procedimentos e impactando o atendimento ao paciente.
Os ataques também podem resultar em perdas financeiras significativas para as organizações de saúde, pois elas podem ser obrigadas a pagar resgates ou arcar com o custo de restaurar sistemas e dados. Por fim, ainda podem ser legalmente responsáveis por não proteger os dados do paciente, levando a processos judiciais onerosos e danos à reputação.
Um caso emblemático foi o ataque ao Grupo Sabin, um dos maiores grupos de diagnóstico e saúde do País. Recentemente, a organização Sabin Diagnóstico e Saúde relatou ter sido vítima de um ataque cibernético lançado por um grupo criminoso de ransomware. O ataque ocorreu em 12 de março de 2023 e, apesar da criptografia de alguns arquivos, a empresa acredita que não houve comprometimento significativo de dados pessoais nem impacto relevante em suas operações.
Em 14 de junho, foi identificado que alguns dados associados à empresa estavam disponíveis na dark web. Desde então, o Sabin tem trabalhado com uma consultoria internacional para investigar a veracidade dessas informações. A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) e a polícia civil foram informadas sobre o incidente.
Segundo a empresa, não houve impacto na integridade ou na disponibilidade das informações dos clientes, apenas uma parcela muito pequena (menos de 0,01%) dos dados armazenados pelo Sabin foi afetada.
A concorrência também não se safou, visto que o Grupo Fleury, gigante no setor de medicina diagnóstica no Brasil, também sofreu com a instabilidade de seus sistemas após um ataque cibernético ocorrido em junho de 2023. A companhia destacou que ativou seus protocolos de segurança para minimizar o impacto em suas operações, contando com o apoio de empresas especializadas no setor. Nas redes sociais, no entanto, clientes relataram problemas para acessar resultados de exames e fazer agendamentos.
Estes são alguns exemplos de ataques cibernéticos comuns e tipos de violações de dados:
Além dos casos acima, mais tradicionais, as organizações de saúde também sofrem riscos específicos ao segmento, e os ciberataques a equipamentos médicos é um dos principais. A informatização das clínicas e hospitais, com a integração de sistemas informáticos com dispositivos médicos conectados, torna o trabalho dos profissionais de saúde altamente dependente da tecnologia.
Atualmente, um ciberataque pode interromper o processamento de exames e até mesmo impactar o funcionamento de equipamentos essenciais ao suporte à vida. A “Internet dos Dispositivos Médicos” (IoMT, na sigla em inglês) é um ponto de atenção para o setor.
Por esta razão, a Apura afirma que as organizações de saúde devem investir em medidas robustas de segurança, como firewalls, sistemas de detecção de intrusão e criptografia, para proteger contra ataques cibernéticos. Conhecer e entender as principais ameaças cibernéticas é necessário para defender o sistema contra riscos internos e externos.