Conforme indicado por dados atualizados e pesquisa minuciosa conduzida pelo Ministério da Saúde, uma preocupante estatística revela que cerca de 12% das crianças brasileiras, com idades de até cinco anos, enfrentam suspeitas de atraso no seu desenvolvimento. Esse dado alarmante reflete a necessidade urgente de compreender e abordar as complexas questões que circundam o desenvolvimento infantil no Brasil.
É importante ressaltar que o desenvolvimento saudável e adequado das crianças é fundamental para o futuro do país. A qualidade do cuidado e das oportunidades disponíveis nos primeiros anos de vida é determinante para o potencial de uma criança alcançar seu pleno desenvolvimento intelectual, emocional e social.
Este artigo busca explorar este cenário, bem como discutir possíveis soluções para essa situação.
A pesquisa faz parte do projeto Primeira Infância para Adultos Saudáveis (Pipas), que foi lançado durante o 10º Simpósio Internacional de Desenvolvimento da Primeira Infância, em Brasília. A coleta de dados ocorreu entre agosto e outubro de 2022, em 13 capitais do país.
O estudo avaliou 13 mil crianças de 0 a 5 anos, período em que as habilidades motoras, cognitivas, de linguagem e socioemocionais são desenvolvidas.
A pesquisa também constatou que a incidência de atraso no desenvolvimento é maior em famílias socialmente mais vulneráveis. As desigualdades sociais criam obstáculos para pais e cuidadores em situação de vulnerabilidade social, dificultando a oferta de atividades de estímulo adequadas para seus filhos.
Os resultados do estudo destacam a necessidade de novas políticas públicas. Segundo Sônia Venâncio, coordenadora de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente no Ministério da Saúde, as informações coletadas auxiliam na tomada de decisões sobre ações, programas e políticas voltadas ao desenvolvimento na primeira infância.
A expansão e fortalecimento da atenção primária – a porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS) – é uma prioridade governamental. Em 2023, o Ministério da Saúde retomou a habilitação de novas equipes e serviços, ampliando o acesso para mais de 85 milhões de brasileiros.
A ampliação do acesso e da qualidade do atendimento na atenção primária à saúde também se deve à retomada do programa Mais Médicos. A expectativa é que o programa tenha, até o fim de 2023, 15 mil novos médicos em todo o país, totalizando 28 mil profissionais.
Em 2023, o Ministério da Saúde investiu no custeio de equipes multiprofissionais na atenção primária, destinando R$ 870 milhões para estados e municípios. Essas equipes são compostas por profissionais de diversas áreas, como nutricionistas, fisioterapeutas, pediatras, psicólogos, ginecologistas e farmacêuticos.
O Ministério da Saúde planeja a retomada da impressão e distribuição da Caderneta da Criança, que é uma ferramenta essencial para os profissionais da atenção primária acompanharem o desenvolvimento das crianças.
A pesquisa aponta que a quantidade de estímulos que a criança recebe aumenta conforme a renda familiar. Atividades de estímulo adequadas, como ler ou olhar figuras de livros, contar histórias, cantar, passear, jogar e brincar, são fundamentais para o desenvolvimento infantil.
A pesquisa também avaliou o impacto da escolaridade das mães e da situação de segurança alimentar na família. Foi constatado que crianças de famílias com menor renda, menor escolaridade e em situação de insegurança alimentar têm maiores chances de ter atraso no desenvolvimento.
A pesquisa indica que a saúde das crianças depende de uma série de ações dos pais e cuidadores, como o pré-natal e o atendimento da criança na primeira semana de vida.
Em conclusão, o desenvolvimento infantil no Brasil requer atenção e investimento, especialmente em famílias socialmente mais vulneráveis. É importante que novas políticas públicas sejam implementadas, focadas na expansão e fortalecimento da atenção primária, além da retomada de programas como o Mais Médicos. Além disso, a educação e a segurança alimentar também são fatores críticos que precisam ser abordados para garantir um desenvolvimento saudável para todas as crianças brasileiras.